"Um Pelotão, um Vale, um Ano."
Documentários de guerra, geralmente, abordam os conflitos sobe uma perspectiva distante e desumanizada: retratam mais as relações políticas entre os países beligerantes, os grandes generais e as grandes manobras militares, que envolvem milhares de soldados anônimos pelos quais o espectador não cria nenhuma empatia.
Restrepo (Restrepo, 2010), documentário dirigido por Tim Hetherington e Sebastian Junger, mostra soldados com nome e sobrenome em situações de combate e de não-combate reais, sem nenhum tipo de dramatização.
Eles fazem parte de um pelotão cuja missão é atuar no Vale do Korengal, Afeganistão, conhecido como lugar mais perigoso do mundo. O nome do documentário é o sobrenome de um desses soldados, Juan Sebastián Restrepo, morto em ação nesse mesmo Vale.
No documentário, é possível vê-los, mesmo estando em um ambiente completamente hostil, fazendo coisas comuns, como tocar violão, brincar uns com os outros e até usar o celular para se comunicar com os parentes.
Mas também esses mesmos soldados em situações de combate real contra um inimigo que nem eles, nem as câmeras, conseguem captar. Sem floreios, há uma cena em que um sargento é morto em combate, e um dos seus subordinados entra em desespero e começa a chorar compulsivamente.
A relação entre os militares e a população civil, aspecto fundamental de todos os conflitos armados modernos, é bem retratada nas reuniões entre o comandante da operação e os anciões das aldeias que permeiam o Vale. Convencer um povo de que a atuação de um exército estrangeiro em seu solo pátrio não irá trazer malefícios, é missão difícil. A cena em que um ataque americano mata civis é o que comprova isso.
Restrepo mostra soldados reais enfrentando inimigos que não veem e não conhecem, em território hostil e estrangeiro. Em um contexto desse, como não se lembrar da traumática Guerra do Vietnã?
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