UMA MISTURA? UMA CÓPIA? NÃO, APENAS MAIS UMA BANALIDADE HOLLYWOODIANA
Você já assistiu M.I.B.? E Hellboy? Já? Então eu lhe asseguro: assistir R.I.P.D. - Agentes do Além (R.I.P.D., 2013) será quase como um dejá-vú. O filme em si não é tão desprezível, mas não agrega em nada e muito menos surpreende. Até diverte, mas é um dos filmes mais previsíveis que já vi: o mocinho carismático se envolve acidentalmente em algo além da nossa compreensão e precisa trabalhar com um parceiro veterano e rabugento para deter uma acontecimento catastrófico que trará o caos total ao nosso mundo. De novo...
Nick (Ryan Raynolds) era policial até ser traído e assassinado por seu parceiro Bobby (Kevin Bacon). Em sua pós-vida, Nick é recrutado para o Rest In Peace Departament (R.I.P.D.), uma espécie de agência celestial que combate o que eles chamam de "desmortos", seres que escapam de seu destino após a morte para "viverem" entre os vivos. Na esperança de se comunicar com sua amada viúva, Nick aceita o trabalho imediatamente, mas precisa se entender com seu parceiro Roy (Jeff Bridges), um xerife do velho oeste, rabugento e "inconveniente", por assim dizer. Como se vê, a relação novato-veterano é a mesma entre K e J de M.I.B., ou Meyers e Hellboy de...bem...Hellboy, né?!
Mesmo se tratando de uma comédia/aventura/ação, R.I.P.D. peca em coisas bobas, que poderiam simplesmente receber um pouco mais de atenção. Por exemplo, Nick aceita MUITO bem e MUITO (MUITO mesmo) facilmente o fato de estar morto e trabalhando para uma espécie de FBI celestial e, em menos de cinco minutos, já está na rua combatendo monstros. Além disso, o que é aquele interrogatório para revelar a identidade dos desmortos? Ridículo... Sem mencinar a obviedade dos personagens, dos acontecimentos e da trama.
Notamos que o personagem de Kevin Bacon é o vilão logo nos primeiros minutos. E, do início ao fim, parece que estamos jogando um tipo de joguinho infantil: você pensa: "agora, vai acontecer tal coisa.." e essa tal coisa acontece. "agora ele vai fazer isso..." e ele faz mesmo. E é assim até o fim. Aliás, o vilão do filme sequer aparenta um grande poder ou representa tanto perigo assim. Em dado momento, Roy diz sentir o imenso poder de Bobby, mas nunca somos apresentados a tal poder. Sem falar no fato de que Bobby diz que há 3 mil anos os desmortos vêm tentando reunir o artefato que os libertará, mas sem sucesso, até ele surgir. Afinal, o que Bobby fez para conseguir o que ninguém mais cinseguiu em tanto tempo? Como ele ficou sabendo da localização de cada peça? E se estas peças eram tão poderosas, porque o R.I.P.D. não as guardou? Espalhar por aí fragmentos de algo que pode destruir o mundo não é muito seguro ao meu ver.
Com relação aos atores...bem, é a mesma coisa de sempre. Ryan Reynolds, quando não é muito exigido, até se sai relativamente bem. É verdade que seus únicos filmes que merecem algum respeito são A Última Cartada e Enterrado Vivo, mas pelo menos ele reconhece suas limitações e não se aventura muito em trabalhos que requerem maior carga dramática (ou não é cogitado mesmo). Bridges é um ator irrepreensível, mas seu papel é infantil e bobo. Constrangedor, eu diria. Com Bacon é parecido. Bom e premiado, o ator é freqüentemente selecionado para papéis de vilão e ultimamente tem optado pelos cifrões em papéis fáceis e óbvios. Na verdade, desde Sobre Meninos e lobos (2003), seus únicos papéis que exigiam algo mais que o piloto-automático foram em O Lenhador (2004) e no seriado televisivo The Following. Mary-Louise Parker repete sua personagem em RED e tantos outros filmes.
De positivo temos os efeitos que, se não são nenhuma novidade hoje em dia, pelom menos não comprometem (como em Eu Sou A Lenda) e a direção de Robert Schwentke (Te Amarei Para Sempre; RED - Aposentados e Perigosos), nas cenas de ação é eficiente. Nada demais também, é preciso ressaltar.
Como eu disse, R.I.P.D. não é totalmente desprezível, mas com certeza é decepcionante. Nem sempre um passatempo necessita ser acima da média, mas já estamos cansados de mediocridade. Pelo menos eu estou.
Mais uma vez Cristian, excelente texto...
Quando assisti os trailers me lembrei na hora de MIB e Yu Yu Hakusho como você mencionou o deja vu é eminente...
Raynolds permanece como um dos caras com mais fracassos em holywood...
Yu Yu Hakusho!!! Bah, nem lembrava dessa série!!. Raynolds pelo menos tentou se desvincular de papéis em comédias adolescentes sem pé nem cabeça. Mas como você disse, Lucas, sem o menor sucesso!!!