NÃO TÃO LEMBRADO PELA MAIORIA, RONIN TRAZ UM GRANDE ELENCO E UM BOM DIRETOR EM UMA TRAMA ÁGIL E UM FILME ACIMA DA MÉDIA
Os nomes de alguns cineastas se perdem no tempo, bem como suas obras. É mais do que comum esquecermos de diretores que não conseguiram entregar nenhuma obra-prima, nenhum clássico ou algo perto disso. Neste cenário, encontra-se John Frankenheimer (Jogo Duro; A Ilha do Dr. Moreau; Operação França 2,; Na Trilha dos Assassinos; A Semente do Diabo), cineasta de obras não muito relevantes para o cinema em geral, mas de boa regularidade no que diz respeito ao nível destas.
Em Ronin, Frankenheimer dirige um elenco recheado de estrelas em uma trama de bandidos em uma estranha missão onde ninguém parece estar falando a verdade. Robert De Niro, Jean Reno, Natacha McElhone, Stellan Skarsgård, Jonathan Pryce, Sean Bean, Féodor Atkine e Michael Lonsdale compõem o galáctico e talentoso elenco, enquanto Frankenheimer dirige algumas das melhores seqüências de ação do final dos anos 90. Diferentemente de grande parte doa filmes similares, Ronin concentra-se no básico, e não na grandiosidade.
A trama consiste na missão do grupo, que é apoderar-se de uma maleta. Um dos integrantes acaba por trair os demais e uma corrida contra o tempo de desenrola Ronin não tenta explicar as origens dos personagens ou seus objetivos - afinal, neste meio de vida, quanto menos se sabe ou menos informação se fornece, mais se sobrevive - e muito menos responde a principal pergunta do filme: o que há naquela maleta? E ao contrário do que seria o esperado, esta falta de informação de Ronin joga a favor do filme, pois este não é um filme de espionagem ou reviravoltas mirabolantes, mas sim um filme de ação. Assim sendo, o ritmo do filme é quebrado poucas vezes, fazendo o tempo de sua projeção moldar-se a seu favor.
Ronin divide-se em dois blocos bastante definidos: a "preparação" e a "execução" do plano. Na primeira metade, podemos ter uma vaga noção de quem é quem dentro do grupo (quem manda, quem é o mais preparado, quem é o misterioso, quem pode por tudo perder), e adota um ritmo bastante cadenciado. E mesmo que seus personagens sejam bem esteriotipados, os conflitos entre eles geram boas situações, como a envolvendo os personagens de De Niro e Sean Bean e uma caneca de café (!). Já a segunda metade do filme é dedicada à ação desenfreada da melhor qualidade, com direito a perseguições de carro em alta velocidade, repletas de colisões e capotagens pelas ruas de Nice e Paris. Entre um tiroteio e outro, Frankenheimer reserva a si mesmo um bom momento de inspiração na cena em que De Niro e Reno removem uma bala alojada no corpo do primeiro, onde podemos acompanhar tudo por intermédio de um espelho. O bacana também é ver que o roteiro, embora tenha dado bons indícios no decorrer do filme, não abre espaço em sua conclusão para o romance sem nexo entre os personagens de De Niro e McElhone, deixando o final clichê mais satisfatório do que o esperado.
Usando muito bem os clichês e as armadilhas do gênero em favor da narrativa, Frankenheimer tem em Ronin uma obra consistente e de muito boa qualidade, o superior a média atual. O filme acabou um tanto esquecido, bem como o nome do diretor, mas seria interessante resgatá-lo.
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