Todo gênero possui seu mestre, aquela pessoa que se identifica inteiramente às características propostas pelo mesmo, assim apresentando inúmeras Obras Primas do cinema, que são cultuadas tanto por especialistas quanto por cinéfilos do mundo todo. O diretor Jhon Ford pode muito bem ser considerado um mestre quando o assunto é Western. E nada melhor que o mestre convocar seu ator na área para juntos, realizar um dos maiores clássicos de Faroeste de todos os tempos, me refiro à Lenda viva Jhon Wayne. Assim nasceu Sangue de Herói, um modelo cinematográfico que pode muito bem ser utilizado para explicar o que foi aquele conturbado período de guerras e muitos conflitos entre o exército e os nativos da região, na busca incansável por terras.
A trama é uma das mais completas dentro do gênero, e consegue fugir do estereotipo que todos os índios são os vilões e os americanos do exército são os mocinhos. Aqui na trama, esta inversão de valores se dá através do personagem de Wayne, Kirby York, que encontra outras maneiras de resolver o problema enfrentado no Forte-Apache, lugar este onde se encontra dezenas de soldados, perfeitamente prontos para iniciar um confronto com os nativos, no objetivo de retirá-los do local. O forte se localiza na fronteira dos EUA com o México, e York terá que encarar de frente outro personagem de suma importância na trama, Tenente-Coronel Owen Thursday, interpretado com grande estilo e controle por um belíssimo Henry Fonda, em plena forma, com sua dicção afiada, enchendo a tela de emoção ao lado de Wayne.
O conflito de egos, opiniões e acima de tudo, de poder de decisão entram em choque em uma ótima seqüência de luta, com tiros e cavalos pra todos os lados. Desta vez, os índios não são retratados de forma tão ingênua, como se acostumou a ser apresentada nas telonas, mas si portão armas de fogo pesadas, e alem disto, armam brilhantes emboscadas e traçam planos muito melhores que os pobres militares. Wayne contra Fonda se mostra o grande destaque da obra, muito bem conduzida por Ford, que utiliza planos riquíssimos para compor sua obra e deixá-la brilhante. Alguns ângulos, durante a luta, ou até mesmo na passagem do acordo feito por York com o chefe apache, são de longe, um dos melhores apresentados nesta época de ouro do cinema americano.
O show de estrelas que desfilam pela obra também é algo invejável. Além da direção de Ford, cinco vezes indicado ao Oscar, sendo que levou quatro estatuetas pra casa, o filme conta com os premiados Victor McLaglen, os já citados Wayne e Fonda, além da sempre encantadora participação de Shirley Temple, que mesmo com o tempo reduzido, consegue iluminar a projeção, conferindo muito mais emoção e um sabor de paixão a tudo aquilo. Todos estes astros emprestaram seu talento para que no fim, este filme se tornasse a lenda que se tornou. Os conflitos, a tensão no ar, a politicagem, os interesses, os índios, os sentimentos de liberdade, tudo está presente neste filme atemporal, que consegue divertir e emocionar até hoje seu público.
Realmente, Sangue de Herói é um filme bastante complexo, que lida com várias expectativas, que na época em que se passa toda a trama, explodia sentimentos de revolução e independência naquele país, além de um sentimento de liberdade que engole tudo e percorre a alma de todos aqueles homens ali presentes. Existiram, dentro do conceito histórico, ambos os personagens de Wayne e Fonda, que juntos protagonizaram um dos momentos mais importantes daquele período. Ford conseguiu unir a realidade com a ficção, e entregou um filme completo, rico em detalhes históricos, além de ser um deleite para os fãs da 7ª Arte. A trilha sonora intimidadora, a fotografia belíssima, as atuações memoráveis além de toda uma exuberância e estilo, que transformam este clássico em algo maior que o cinema, algo que transcende as telonas e invade o mundo real. Uma obra que será lembrada por muito e muito tempo.
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