O sentimento de liberdade é a essência principal que exala durante todo o filme. Isso se mostrar presente logos nos primeiros minutos, quando o Capitão América abandona seu relógio na estrada, e essa ideia ainda é reforçada quando ele diz que não é um “escravo do tempo”. Esse sentimento é quase palpável na viagem sem destino dos personagens em cima de suas motos e em meio a belas paisagens. E essa liberdade só chega ao fim com a interferência da antiga geração, que com sua ignorância em não conseguir entender as atitudes, motivações e sentimentos da nova geração faz com que suas diferenças sejam motivo de represália, pois é humano tender a não gostar daquilo que não conseguimos compreender.
A liberdade também se faz presente na direção de Dennis Hooper, com o cinema de autor ganhando força nas produções americanas e abrindo um leque de possibilidades de criação para o diretor. Isso deixa o filme longe do sistema que dominou Hollywood da década de 30 a década de 60, que foi a ideia do “produtor criativo”, onde o produtor determinava como tudo deveria ser feito. Esse sistema foi invertido, dando liberdade aos diretores, roteiristas e atores. Assim o filme se beneficiou com as qualidades mostradas por seus realizadores e se firmou como um dos grandes representantes da Nova Hollywood.
Peter Fonda teve a ideia do filme e convidou Hooper para a direção devido a sua experiência e habilidade, dando ao diretor uma grande oportunidade. Porém, Hooper enlouqueceu no início das filmagens, tentando tomar o controle de toda a produção e arranjando brigas com toda a equipe. Isso quase provocou a sua demissão. E não à toa as cenas no Mardi Gras — as primeiras a serem gravadas — têm uma aparência amadora em relação ao resto do filme, devido à má preparação e aos ataques de loucura do diretor.
Com os problemas resolvidos e as brigas deixas de lado em prol da produção, o filme seguiu em frente e em sete semanas já estava completamente filmado. O que levou mais tempo foi a sua conclusão. Hooper queria que o filme tivesse quatro horas e meia de duração e somente após muita discussão se chegou a versão com 95 minutos. Na montagem, Hooper optou por não descartar as imperfeições técnicas e usava um método antiquado, pois não tinha conhecimento da técnica desenvolvida por montadores na década de 60, o que resultou na montagem um tanto esquisita do filme, mas que acabou agradando.
A trilha sonora é outra característica marcante do filme e só foi possível graças aos ressentimentos entre Hooper e Fonda. A banda Crosby, Stills & Nash iria compor a trilha sonora do filme, mas como havia sido ideia de Peter, Dennis fez com que isso não acontecesse e a trilha foi formada por sucessos da época, o que não poderia ter sido melhor e fez com que o filme fosse um dos primeiros a usar o rock ‘n’ roll como trilha sonora.
Mais do que um dos maiores clássicos do gênero road-movie e de ter impulsionado as carreiras de Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nicholson, “Easy Rider” se tornou um retrato eficiente de toda uma geração, conseguindo captar os questionamentos e sentimentos que eram vividos na época e apresentando a contracultura para Hollywood. O filme também é competente ao mostrar o preconceito de uma sociedade conservadora em relação uma nova geração, que, como diz o personagem de Jack Nicholson, representava uma ameaça.
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