Depois de uma passagem perturbada por Hollywood, Heitor Dhalia volta a dirigir filmes "de autor". Ao menos é isso que fica notável em Serra Pelada, que pode ser considerado um "Cheiro do Ralo 2.0", já que continua a proposta do filme que trouxe fama ao diretor. Se no filme de 2006 a personagem de Selton Mello fica cada vez mais podre junto com o cheiro do ralo, aqui são Joaquim (Júlio Andrade) e Juliano (Juliano Cazarré) que ficam cada vez mais podres enquanto a mina fica cada vez mais funda.
Essa proposta apenas ficou mais ambiciosa, trazendo mais personagens para cair junto na podridão, além de um orçamento muito maior para filmar isso. Planos aéreos dos trabalhadores na mina e maquiagem e arte impecáveis deixam bem claros que a produção despunha de muito mais dinheiro que o filme de 2006- a reconstrução de época é uma das coisas mais notáveis no filme. Porém, ainda assim, é um "Cheiro do Ralo 2.0", muitas rimas estão presentes, como a paleta de cores e a saturação da fotografia, as atuações, a evolução das personagens, o humor e a arte poluída, a única coisa que o Dhalia deixou de lado em relação ao filme "irmão" foi a qualidade o apreço dele pela cinegrafia, se antes havia um apreço por enquadramentos bem calculados e montagem na medida certa, agora ele exagera na quantidade em big closes e a montagem, ainda que geralmente bem feita, contém várias cenas um tanto deslocadas e outras que precisavam ser "enxugadas" ou perderam a dramaticidade.
Ganha pontos por ser mais ambicioso que O Cheiro do Ralo, mas perde por conter falhas que não existiam antes, o que dá um saldo nulo em relação ao filme anterior. Ao mais, "não precisava disso".
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