O slasher talvez seja o mais famoso de todos os outros subgêneros do terror. Mesmo que seja meio “recente”, pois surgiu no começo na década de setenta, arrastou e continua arrastando milhões de pessoas, principalmente jovens, ás salas de cinema nos quatro cantos do mundo. A simples premissa de ver um serial killer esquartejando suas vítimas, na grande maioria adolescentes, atrai a curiosidade do público e garante que esse subgênero renasça diversas vezes após ser terrivelmente desgastado.
Um dos primeiros slashers definitivos e precursor dessa raça cinematográfica foi “Sexta-feira 13”, que aproveitou do sucesso de outros filmes somente para êxito comercial, mas acabou virando um clássico do terror e conquistando uma legião de fãs. Impulsionados pelo destaque que “Halloween” estava tendo na mídia, o diretor Sean Cunningham e o escritor Victor Miller caçaram logo fazer um filme que se assemelhasse á obra-prima de John Carpenter, procurando atores jovens e desconhecidos e alguma locação que parecesse assustadora e climática, e tentaram fazer a sua versão do clássico, o que tomou proporções bem maiores do que pensavam.
A história todo mundo já sabe: Um casal de jovens é assassinado no acampamento “Crystal Lake”, o que faz o lugar ficar fechado por muito tempo. Uma equipe de monitores volta ao local onde tudo aconteceu para tentar abrir o acampamento novamente, usando o tempo livre para se divertirem e fazer amor, mas não suspeitavam que alguém a mais estaria presente. Sedento por vingança, o assassino irá matar um por um até completar seu objetivo.
O roteirista Victor Miller adaptou as tramas de slashers anteriores numa versão onde só a locação e a revelação do assassino são diferentes dos demais. Apesar da falta de originalidade, o roteiro foi muito importante, pois firmou um campo seguro para que outras obras pudessem seguir o mesmo caminho e ditou os clichês que até hoje são desgastados incessantemente, como os desvirginados e drogados morrerem primeiro, um maluco (Crazy Ralph) avisar sobre os perigos do local, o grupo se separar pra procurar alguma coisa e é morto, a protagonista correr o filme inteiro pra só no final tomar coragem e matar o assassino, entre outros. Porém, foi o diretor Sean S. Cunningham que foi o grande responsável pelo sucesso do filme. Sua direção dá um clima de horror à obra magnífico, além de conseguir uma boa estrutura equilibrada até chegar ao ótimo clímax, ofuscando os eventuais erros.
As atuações realmente não são destaque no filme. Adrienne King é meio desleixada nos momentos de terror e às vezes não convence, Betsy Palmer (que só aceitou fazer o filme por que achou que o roteiro era um lixo e logo seria esquecido) faz uma performance quase teatral, mas consegue dar alguma dignidade a Pamela Voorhees, Kevin Bacon não dá indícios que seria um grande ator, até porque o papel não permite devido suas limitações, então fica no mesmo nível que o resto do fraco elenco.
Além de tudo, a trilha sonora também virou um clássico. O uso de notas finas de violino conjuntas aos sons eletrônicos se adequou bem ao clima macabro do filme e provoca muita tensão quando junto a cenas de maior tensão; a música tema dos filmes foi uma combinação e edição da fala “Kill Her Mommy!”, que acabou gerando um “ki ki ki ma ma ma” sinistro.
O filme ainda conta com efeitos a frente de sua época, feitos principalmente pela excelente maquiagem de Tom Savini, que já tinha trabalho nisso antes com alguns filmes de George Romero, o que fica visível nas mortes dos personagens, em especial no assassinato de Jack, que chocou o público da época de tão boa que foi, e na decapitação de Pamela, em que foi produzida uma cabeça de mentira só pra cena ser feita. A fotografia é boa, mas não é grande coisa, mostrando as florestas e o lago que dão beleza ao acampamento em meio a todo aquele horror. Uma boa parte das mortes é filmada em primeira pessoa, em que é possível ver a sombra ou alguma parte do corpo do assassino, como se o público fosse ele, intensificando mais a chocante experiência.
Hoje, a série é cultuada por milhares de fãs e está marcada na história do cinema de horror. Em sua época de lançamento, os envolvidos apenas esperavam que o filme fosse bom e retornasse o investimento feito, mas acabou caindo no gosto do público, principalmente nos adolescentes dos anos 80, o que originou uma série interminável de filmes que desgastaram a história e fizeram-na tomar rumos ridículos, como “Jason X” e “Jason Vai para o Inferno: A Última Sexta-Feira”, só pra lucrar em cima da fama conquistada.
Além de ter sugado muitas coisas de “Halloween” e slashers anteriores, seja no enredo, nas mortes ou em outras características, também sugou alguns traços de “Psicose”, como a idéia da mãe assassina revelada somente no final e o locação isolada onde seria bastante difícil qualquer tentativa de fuga. Apesar de Pamela Voorhees ser a primeira assassina da série, seu filho Jason é que deu continuidade ás matanças a partir do segundo filme, se tornando um ícone do cinema de terror devido a sua imortalidade e brutalidade no assassinato de muitos personagens.
Uma obra modesta que acabou virando um clássico do terror oitentista, que definiu novos parâmetros e clichês para os filmes seguintes, que mesmo não funcionando mais como um filme realmente assustador, ainda continua divertido e climático. Um dos melhores slashers já feitos, que copiou e é copiado, marcado para sempre na memória dos fãs mais fiéis do gênero. Mas foi só o início de uma das maiores sagas do cinema e contagens de corpos já feitas, se no primeiro foram mortas somente dez pessoas, nos seguintes foram centenas de vítimas para os facões afiados do imortal Jason Voorhees!
“His name was Jason” – Pamela
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