Considerado o pior e mais longo período de recessão econômica do século XX, a crise de 29 causou altas taxas de desemprego e quedas bruscas na produção industrial. Abalando de forma profunda um sistema econômico frágil, porém opressor. Utilizando tal contexto como recorte, um Martin Scorsese iniciante, dirige o filme Sexy e marginal (Boxcar Bertha). Baseado no livro Sister of the road de Ben L. Reitman e lançado em 1972, a obra conta a história de Bertha Thompson - muito bem interpretada pela jovem Barbara Hershey - que após presenciar a morte do pai - ele foi forçado, por um fazendeiro que havia pago por seus serviços, a pilotar um avião em condições precárias, e desta forma, faleceu num acidente - ela se envolve com Bill Shelley (David Carradine), líder sindical atuante e contestador. Logo os posicionamentos políticos de Bill começam a causar problemas para o casal. Perseguidos por uma sociedade reacionária eles acabam tendo que fugir constantemente e durante este processo compram uma briga contra o sistema ferroviário, o que agrava ainda mais a situação de ambos. Durante a obra podemos observar uma atmosfera de tensão e descontrole, presentes numa sociedade baseada em preconceitos raciais e de gênero. Um ambiente torpe, que infelizmente apesar de camuflado, ainda figura em nossa sociedade. Um absurdo! Mas voltando ao filme, Martin consegue nos remeter a tal período de forma eficiente, por conta de uma fotografia competente e eficaz. Neste contexto de crises, preconceitos, fugas e perseguições, somos conduzidos por um Scorsese ainda jovem, porém que já se mostrava promissor. De fato Sexy e marginal não figura entre os melhores filmes do diretor, mas não trata-se de uma obra ruim. Mesmo assim percebemos uma direção ainda "amarrada" e inexperiente que em alguns momentos se perde e gera um certo desconforto ao espectador. Tecnicamente Scorsese ainda estava longe de alcançar seu ápice, que viria mais tarde com: Taxi driver (1976), Touro indomável (1980) e Os bons companheiros (1990). Mas, apesar de inconstante, é como um filme regular que classifico Sexy e marginal. De fato este foi um passo importante para o amadurecimento de Scorsese. Com apenas alguns bons momentos a obra não é muito atrativa, mas além da fotografia destaco a trilha sonora, que funciona de forma eficiente e agradável. No mais, vale a pena conferir. Afinal só em ser um filme de Scorsese, no mínimo, já aguça a curiosidade.
Críticas
6,5
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