Que Eastwood é competente e sabe fazer um bom cinema, não resta dúvidas. Porém, aqui sua veia patriótica republicana salta aos olhos e o filme se transforma em uma propaganda descarada do militarismo norte-americano. A parte técnica do filme (com exceção à edição, que falha grotescamente ao colocar uma boneca representando um bebê) é irretocável! O som é estupendo, a fotografia é competente e os efeitos visuais são bacanas (destaque para a sequência da tempestade de areia). Mas, retratar um sniper, mesmo que não se peça reflexões filosóficas acerca de suas ações, como um herói hedonista a serviço do bem (que no caso é "proteger o melhor país do mundo"), já soa demasiado estridente, se ainda tivéssemos na Guerra Fria seria compreensível (tsc)! A propaganda política parece ter sido indigesta até mesmo para os americanos. Compreender a invasão do Iraque apenas como retaliação ao 11 de setembro ou mesmo tentar mostrar uma visão totalmente parcial do inimigo "desumano" muçulmano (Zarquawi até "coleciona" pedaços de suas vítimas) é construir uma ingenuidade quase impensável em um cidadão do século XXI, mesmo que este cidadão seja um SEAL do exército dos EUA e viva em uma bolha ideológica. Eastwood se salva um pouco ao mostrar a difícil reintegração dos soldados ao convívio social, mas falta assistir um pouco mais de "Nascido para matar", de Stanley Kubrick. De resto, o cortejo final do "herói" morto (ou seria um serial killer, já que matou mais de 160 pessoas?) mostra um pouco da doença que parte da sociedade americana parece sofrer, cortejo que nos faz lembrar do que aconteceu ao Senna (ao menos, o nosso herói nunca matou ninguém!). É isso, um bom entretenimento, mas que por seu discurso panfletário se transformou em uma obra descartável. Um ponto fora da curva na obra do legendário Clint!
Críticas
6,0
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário