E SE POLTERGEIST - O FENÔMENO FOSSE UM FILME DE TERROR?
Se faz necessário observar com cuidado o já bem sucedido e ainda promissor início de carreira do jovem diretor malásio James Wan. Com títulos bastante interessantes em seu pequeno currículo, Wan já disse à que veio e seu estilo forte é fácilmente reconhecido. Wan aparenta não temer explicitar suas influências e referenciá-las em suas obras. Entre elas, um nome e um gênero são mais do que perceptíveis: O terror clássico e M. Night Shyamalan. A influência do diretor indiano é clara e evidente ao que Wan opte por adotar o ritmo lento e tenso em suas obras, além trazer um final surpresa em praticamente todas as suas obras (características que marcaram a carreira de Shyamalan). A influência do terror clássico também é forte na filmografia de Wan, que aborda sempre o lado psicológico dos personagens e os efeitos sofridos pelos mesmos, em detrimento ao horror visceral e gráfico.
E se em seu mais famoso trabalho, Jogos Mortais, Wan nos questiona o que seríamos capazes de fazer para salvarmos nossa própria vida, em Sobrenatural (Insidious, 2010) o diretor modela a trama para o amor fraternal e nos faz pensar no que enfrentaríamos para salvar um filho. Chega a ser gritante o quanto o filme inspira-se em dois dos mais maiores clássicos do terror e da fantasia de todos os tempos. Se na condução e atmosfera - além da figura de dupla representatividade do menino -, Sobrenatural remete imediatamente à A Profecia, de Richard Donner, sua trama e seu mote central é a versão terror de Poltergeist - O Fenômeno. E a ligação com o filme de Tobe Hooper é mais forte ainda, seja na jornada de Josh e Rainai Lambert (Patrick Wilson e Rose Byrne) na busca por seu filho, que se encontra em algum outro plano além do nosso, seja na inserção da equipe de mediuns para tentar encontrá-lo.
E quem assistiu a Jogos Mortais reconhecerá o modo de filmar de Wan, principalmente na cena da sessão espiritual, onde a câmera do diretor mostra todos os personagens num giro de 360° que é mais do que um exercício de estilo, servindo para mostrar as várias reações dos personagens sem o auxílio de cortes - além, é claro, de deixar o filme esteticamente mais bonito
Procurando não ceder à sustos fáceis, Sobrenatural ousa ao não temer mostrar "o outro lado" e seus habitantes. Apesar de ter deixado um certo ar de fantasia nesta passagem, foi uma atitude corajosa de Wan, principalmente por pôr em risco o final que estaria por vir. Mas Wan sustenta seu filme com uma admirável competência, fazendo com que o final ainda seja bem recebido e satisfatório.
Roteirizado pelo parceiro habitual de James Wan, Leigh Whannell, que além deste aqui e da seqüência, roteirizou Jogos Mortais e Gritos Mortais, Sobrenatural apoia-se em um excelente clima e uma ótima atmosfera, além de não ter vergonha de referendar suas influências. Garante uma boa dose de tensão e alguns dos melhores sustos da atuslidade. Um dos melhores exemplares do gênero dos últimos anos.
Grande Luiz! Obrigado pela conferida. Não botava muita fé nesse, mas gostei do saldo final. Gosto bastante de Invocação do Mal, sendo que são praticamente a mesma obra. Quanto a Poltergeist, como já deixei claro no meu comentário sobre o filme, não sou dos mais admiradores....
Tô assistindo um monte de filmes de terror e vou escrever textos comparativos dobre eles.
Gosto desse aí. Sou fã de terror, mais alguns clássicos como Poltergeist e o Bebê de Rosemary não me convencem. James Wan tem tudo para se tornar um dos grandes nomes do gênero.
Valeu Wolmor. Wan tem me agradado muito. Da série Jogos Mortais, por exemplo, destesto todos os filmes com exceção do primeiro - justamente o dirigido por ele. O Bebê de Rosemery é ótimo, na minha opinião, mas nem considero Poltergeist um filme de terror.