O Caminho Para o Nada
Spring Breakers - Garotas Perigosas, lançado diretamente em Home Vídeo aqui no Brasil, veio causando algumas algazarras e borburinhos pela internet. Certamente um ‘ame ou odeie’, chegando a aparecer em listas famosas dos Melhores do Ano como em “Cahiers du Cinéma” apontando em segundo lugar e em outras sendo veementemente detraído. É difícil acreditar que um filme com problemas bastante visíveis pode chamar tamanha atenção para méritos que definitivamente não tem. É, talvez, irônico o fato de um filme com uma série de vulgaridade, nudez, bastante sexo, drogas e bandidagem seja protagonizado pelas princesinhas intocáveis da Disney. Soa quase como uma adolescente rebelde fazendo arte ou brincadeiras de adultos longe da presença dos pais.
Pois bem, eu até que me esforcei mas definitivamente não encontrei nada de novo tanto na abordagem quanto na direção estilística de Harmony Korine (Vidas sem Destino e Mister Lonely). Demora pelo menos até a metade pra dizer ao que veio. Até lá são as mesmas farras, gandaias, peitos e bundas de um amontoado de filmes sobre a juventude V1D4 L0k4. As cores fortes do neon insistem no excesso, soam desnecessárias e puro capricho. Qualquer lugar abusa demais das cores, tudo precisa ser colorido demais, quase uma animação da disney para maiores em live-action. Os biquínis sempre de cores fortes, florescentes, uma simples calçada no meio da pista não precisa ser iluminada por um neon vermelho de motel. Como se não bastasse a direção colorida de Korine, há o excesso de slow motion fazendo tudo parecer um videoclipe rebelde, com direito a closer em rapazes fazendo gestos obscenos com o dedo, com o pênis por baixo da roupa, meninas tacando a bunda na câmera e etc. É tudo muito apelado a fim de deixar o filme mais cool, bacana, e acessível à grande massa.
Fica difícil acreditar que o maior propósito de Korine fosse transmitir alguma mensagem ou que seu filme fosse objeto de reflexão. Mas quando achamos que Spring Breakers definitivamente não chegará a lugar algum, parece surgir uma mensagem sobre vazio e solidão que dá um “tchan” na premissa e na narrativa quando vem à tona lá pelo terço final do filme numa passagem que precisa ser citada: James Franco e o sexo oral com uma arma. O nível de carência do personagem é tanta que nem mesmo o risco de morte o desesperou. Só o fez acreditar que aquelas companhias lhe trazia , sem mais lugar para dúvidas, momentos de puro prazer, afeto, e até mesmo amor. Já as meninas que saíram em busca de conhecerem a si mesmo e da própria identidade, acabaram voltando pra casa quando perceberam o quão diferente do esperado o mundo lá fora pode ser.
Não é um retrato muito honesto sobre a juventude perdida em busca do “sonho americano”, do prazer em ostentar (Bling Ring de Sophia Coppola é mais honesto e reflexivo apesar de mais chique e menos vulgar), mas tirou as vestes de santa das meninas dos olhos da Disney (atuações ousadas e funcionais) e oferece passagens que merecem menção como o personagem de James Franco – roubando a cena – puxando “Everytime” de ,i>Britney Spears de um piano (um novo clipe praticamente). Mas o final Chuck Norris deixa a desejar.
Parabéns cara, belo texto!
O filme só vale pela gostosura das meninas e isso infelizmente não segura as pontas...
A quem diga que esse aqui é daqueles casos, ame ou odeio-o...
Valeu Lucas😉
Concordo que seja um ame ou odeie, mas eu não amei e nem odiei...vai entender 😏😏