"Stallone Cobra" é um dos filmes mais polêmicos de Sylvester Stallone, que ao ser lançado em 23 de Maio de 1986, abriu inúmeras discussões em relação ao tema abordado pela trama, mostrando uma visão distorcida do policial e de seu papel na sociedade, ao fazer justiça com as próprias mãos. Além deste elemento, o filme foi caracterizado como violento e gratuito. Recentemente no Brasil, o filme "Tropa de Elite" reabriu esta discussão sobre violência policial.
Apesar de toda a polêmica, o personagem tornou-se bastante famoso, principalmente aqui no Brasil, onde até mesmo o sobrenome do ator Sylvester Stallone foi encorporado no título do longa. O personagem é quase uma caricatura viva, exagerado como a década de onde saiu, bem como toda sua trama, onde o público não deve levar a sério, em momento algum, o que se passa em tela. Por ser financiado pelos produtores Golam & Globus, da extinta Cannon Pictures, famosa por filmes bombas nos anos 80, já se pode esperar algo exagerado.
Cobra é um policial durão, que prefere fazer justiça do seu jeito. O personagem é dono de algumas das mais marcantes frases do cinema, como "O crime é uma doença, Eu sou a Cura". Cobra acredita que a justiça é liberal de mais com os bandidos, onde são tratados de uma forma 'igual' aos civis comuns. Ele defende a tese de que, os que matam e roubam devem ter um tratamento diferenciado. Após sua aparição no início do filme, onde acaba com um bandido em um supermercado, o mesmo se envolve em seu principal caso, onde tentará solucionar o misterioso ataque de um grupo assassino que vem aprontando nas ruas da cidade.
Mais do que a própria trama, o maior ponto negativo do filme são os vilões. Um grupo de lunáticos pretendem criar um 'Mundo Novo', onde os mesmos saem pelas ruas, matando civis sem cerimônia. O grande problema é que nada é explicado, tudo acontece e pronto. Os psicopatas são mostrados em uma espécie de reunião, batendo seus machados e balbuciando besteiras. Suas intenções para criarem este tal 'Mundo Novo" hora alguma é aprofundado, deixando a trama ridícula.
Com certeza este é um dos personagens mais caricaturais de Stallone, em toda sua carreira. O palito de fósforo no canto da boca e os óculos escuros tornaram-se referência certa do personagem, bem como suas frases de efeito. A trama toda é composta por estas 'frases prontas'. Estas passagens são interessantes, mas apenas no quesito do entretenimento, da comédia. Sem dúvida alguma, este é o personagem mais 'intocável e imortal' do ator, exagerado ao extremo. Não existe nada que possa vencer Cobra. Suas ações, tanto em serviço ou não, são imprevisiveis.
Stallone contracena aqui com Brigitte Nielsen (que viria a ser sua esposa na vida real, porém seu casamento não duraria nem 3 anos), onde a moça vive Ingrid, uma modelo que após ser atacada pelo grupo de assassinos, é escoltada pelo policial. Ao longo da projeção os absurdos na trama aumentam gradativamente. Os crimosos temem serem expostos à mídia e a polícia, e por isto tentam a todo custo matar a jovem modelo. Mas o absurdo é que eles se 'revelam' ainda mais na tentativa de acabar com a mesma. Prova maior disto é o duelo no final do filme, que se passa em uma cidadezinha. Todos os crimosos vão a caça em suas motocicletas e vestindo suas roupas pretas de couro. Será que não pensaram que chamariam a atenção de todos assim, arriscando suas identidades para matar apenas uma mulher?
Todo o embate final é previsivel ao máximo, não tem emoção, muito menos cria-se momentos de tensão. O clima é completamente falho, e ver Cobra matando um por um de todos os assassinos, altamente armados, chega a ser ridículo. Com certeza, Stallone errou em sua concepção e em sua mensagem, pois esta não vingou. Seu personagem se tornou referência dos exageros da época, e até hoje é um dos mais lembrados do ator. O filme, apesar das pesadas críticas se saiu razoavelmente nas bilheterias norte-americanas, tendo arrecadado quase R$ 50 milhões de dólares.
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