Estamos diante do filme mais elegante de toda a saga Star Wars. O Império Contra-Ataca, dirigido por Irvin Kershner, aposta não somente na ação desenfreada, como também no arco romântico inusitado na trilogia antiga, entre Han Solo e Leia Organa. A amizade e a figura paterna continuam reinando como os pilares fundamentais de toda a franquia. Se George Lucas deu lugar a outro diretor, não errou. Pelo contrário, acertou em cheio, pois Irvin filmou um episódio bem movimentado, repleto de referências escapistas das quais o cinema carece hoje em dia, e que no passado foram ingrediente do padrão qualidade Hollywood.
A temida Estrela da Morte foi destruída. Prevendo retaliações, a Aliança Rebelde resolveu isolar suas bases no inóspito planeta gelado de Hoth. Darth Vader começa a ter suas crises pessoais e uma lembrança muito forte vem à tona em sua mente. A de seu filho, Luke Skywalker. Darth começa a questionar a Força e, a partir daí, começa a abusar de sua ganância. Vemos com isso que o episódio V é um capítulo repleto de reflexões e dilemas pessoais. Principalmente porque Luke está amadurecido e, mesmo depois da morte de Obi-Wan, tem no seu interior um sentimento de orgulho e confiança exalando. Isso pode ser vislumbrado no terço inicial do filme, no duelo entre caças rebeldes e robôs gigantes do Império. Luke sabe que está pondo sua vida em risco, mas luta pelo seu passado, arruinado em Tatooine, onde tudo se perdeu, e agora tem de confrontar o seu algoz de frente.
As explosões e tiros são em grande número. Nesse ponto, o episódio perde no quesito passividade, é uma película muito apressada e mal resolvida, falta um intervalo maior para respirar. Nesse quesito, o episódio IV triunfou, pois dosou muito bem as porradas e lágrimas, desembocando num resultado final pouco saturado. Saturação é o que não falta em O Império Contra-Ataca. Por outro lado, conhecemos um pouco mais a personagem de Luke, somos levados a um investigar mais aguçado de seus fantasmas. Em Dagobah, planeta onde inicia seu treinamento Jedi, Luke é submetido a certos desafios propostos pelo carismático e experiente Mestre Yoda, figura representativa da sabedoria, cuja função é instruir seu pupilo a fim de lapidá-lo para que, na hora certa, alce vôos maiores. Acontece que a sede do filho de Anakin fala mais alto.
Histórias em paralelo marcam esse episódio V, uma vez que Luke passa o longa no pantanoso Dagobah, enquanto que seus companheiros penam para conseguir limpar dos radares a desobediente Millenium Falcon, nave metida a se infiltrar nas confusões espaciais. A saga das duas histórias afunila para, no fim do filme, se cruzarem no planeta gasoso de Bespin. Nesse ponto, Irvin entrega um filme de herói, onde pessoas em situações distintas se unem no clímax para combater o grande vilão. Mas a jornada é bem conduzida, as paisagens são grandiosos e o universo do episódio IV é expandido para outros sistemas galáticos, sendo um legítimo filme aventuresco, como o primeiro o foi, mas ampliando a esfera política. A relação entre Império e Rebeldes se agrava e as armas são postas à tona. Mesclando ação a emoção, a viagem aqui é um pouco mais barulhenta que o episódio IV.
O plot mais famoso do cinema engrandeceu muito O Império Contra-Ataca, apesar de todas as suas qualidades secundárias. O cerne filosófico da obra, que enaltece a presença mitológica e ameaçadora de Darth Vader, continua aqui, mas agora com uma abordagem paternalista. Todos esses elementos engrandeceram muito esse episódio, menos emocional, mais explosivo, porém com as relações familiares que Star Wars sempre priorizou. Uma aventura para toda a família, não a melhor, mas uma com toques de Indiana Jones e trilha sonora que despertam o sonho no espectador. John Williams e George Lucas fizeram Star Wars chegar a um outro patamar, pois é.
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