Após o fracasso de crítica recebida por Superman III, a série iniciada em 78 parecia ter encontrado seu final, pois além do tom heroico do filme ter sido completamente abandonado, faltou a energia e a emoção que tanto preencheram os dois primeiros exemplares. Então infelizmente entra em cena a produtora Cannon Group, que compra os direitos de Alexander Salkind, contrata todo o elenco original e trazem de volta o herói kryptoniano aos cinemas. Porém, o filme se mostrou outro grande fracasso comercial e de crítica, massacrado até mesmo pelos maiores fãs da série.
Uma coisa nunca poderei negar: eu sempre gostei deste filme. Me lembro de quando era criança, meu pai me levava na locadora (até então de VHS), e eu só locava esta Parte 4. Lembro que gostava da luta no espaço, do Superman carregando a Estátua da Liberdade, enfim coisa de criança mesmo. Hoje em dia, analisando não mais sob o olhar de uma criança fã do Superman, este filme é infinitamente inferior aos outros 3 em termos técnicos, mas isto não significa que seja um entretenimento pior em relação aos outros. Sem dúvida alguma, seus efeitos especiais são deprimentes, a música não ajuda em nada (e algumas vezes só prejudica o material), sem contar a edição, que ACABOU com a história e o roteiro, sendo esta função que merece o maior crédito pelo fracasso do filme.
Após adquirir os direitos do herói para levá-lo aos cinemas, os produtores tinham inicialmente um orçamento de $36 milhões para cobrir toda uma produção repleta de incríveis efeitos visuais, mas o filme sofreu um drástico corte em seu orçamento, reduzindo as cifras para míseros $16 milhões, fazendo que grande parte das cenas idealizadas fossem jogadas fora, além de outras sequências já filmadas serem descartadas por não terem condições de dar prosseguimento à elas, interferindo e prejudicando completamente o roteiro.
O diretor Sidney J. Furie juntamente com seu editor mutilaram o filme tirando mais de 50 minutos da película, sendo que o resultado são cortes de cenas extremamente absurdos, algo como por exemplo o voo de Lois com Superman, ou a sequência da luta do Homem Nuclear contra o Superman. Mas fora o total mal gosto para com a edição destas sequências, a edição foi responsável por deixar a trama totalmente confusa quando o Superman enfrenta pela segunda vez o rival. Como ele sabia que o Homem Nuclear desejava raptar a personagem LacY Warfield? Fico imaginando as pessoas nos cinemas olhando um para as outras se perguntando se tinham perdido algo importante, em vista deste rombo enorme no roteiro. Este é um exemplo que o telespectador entenderia caso se na edição que foi aos cinemas fosse inserida a cena em que o vilão a conhece, cena esta que pode ser conferida nos extras do DVD lançado no BOX da coleção recentemente.
O argumento de Christopher Reeve é interessante, e não boboca como o roteiro pastelão de Superman 3. Claro que a má execução minou qualquer possibilidade de ir além, mas definitivamente é um olhar mais sério em torno das responsabilidades do herói na terra, algo que viria a ser posta em prática apenas com as sequências recentes. Excetuando os efeitos especiais (que repetem o voo do Superman no mínimo umas 15 vezes durante o longa), a luta final ocorrida na lua é até legal, resgata o alcance de sua força jogada fora com toda uma porcaria mostrada com seu antecessor. Porém é difícil engolir a tragédia de ver o herói empurrando a lua e depois a personagem Lacy Warfield respirando no espaço, bem como o poder de reconstrução dado ao herói dentre outros detalhes. Outro ponto importante é a volta de Lois, que volta a participar ativamente, além claro do regresso de Gene Hackman como Luthor, melhor do que nunca e dono das passagens mais hilariantes deste filme. A pena mesmo é seu vilão, uma criação que só não consegue ser pior pois ainda tem o robô vilão de Superman III.
Mas imaginemos uma coisa: suponhamos que este filme tivesse o mesmo tratamento técnico que Superman III por exemplo, acredito que este sim seria um grande sucesso, pois com o roteiro e as atuações de Superman IV (excetuando o Homem Nuclear), aliados a uma equipe técnica mais eficiente e preocupada de fato com a importância do ícone que estão dando vida outra vez, com efeitos especiais desenvolvidos de forma semelhante ao que foi mostrado 10 anos antes com o primeiro Superman, contando também com uma edição e áudio responsável, Superman IV seria visto com outros olhos dentro dessa saga. O próprio Christopher Reeve era um dos maiores entusiastas desta produção.
Enfim, como a vida não trabalha com 'se' apenas nos resta aceitar a porcaria desta forma, mas definitivamente foi muito injusto como este filme foi concebido. Uma coisa deve ser dita, este não é um filme ruim de se assistir, e também não é o pior da quadrilogia. Seu roteiro lembra a HQ Paz na Terra, grandioso sucesso de Alex Ross.
Tem que ser muito fã para dar 7 para este filme.
Nem com toda a boa vontade do mundo eu consigo dar mais do que 3,0 pra este filme...
um 5.5 tá bom, vai..