"QUANDO AS PORTAS SE ABREM, UM MUNDO NOVO SE REVELA"
Se em 1994 Oliver Stone nos entregou um dos filmes mais psicodélicos de todos os tempos com Assassinos por Natureza (Natural Born to Killers), o que dizer de um de seus trabalhos anteriores, The Doors (1991)? Doidera pura! Stone parece viajar nas letras da banda e utilizá-las como páginas de roteiro para conduzir a biografia de Jim Morrison (Val Kilmer), numa orgia de cores, luzes e sombras embaladas por algumas das mais belas canções que Rock já concebeu.
"PEOPLE IS STRANGE" parece ser a tônica do filme ao adotar o ponto de vista que Jim Morrison tem das pessoas ao seu redor e não o contrário. Morrison viveu em outra sintonia, outra dimensão. Não enxergava as coisas como todo mundo. Sua visão transcendia o físico e colocava o mundo todo em harmonia numa espécie de plano superior onde aparentemente ele, e somente ele era capaz de compreender as coisas ao seu redor. Para suas composições poéticas, essa visão "peculiar" rendia um grau de excelência capaz de impulsionar a transição de uma geração inteira. Para sua vida social só lhe trouxe desgraça. Incapaz de tratar a música como um um produto comercial, profissão ou mesmo diversão, Morrison dificilmente mantinha um relacionamento tranquilo com os demais integrantes da banda. Quando não estava entorpecido pelas mais diferentes substâncias químicas que adentravam no seu organismo, Morrison tomava decisões que não só contrariavam a opinião dos demais integrantes, como prejudicavam a carreira da banda.
"RIDERS ON THE STORM" eram as pessoas que conviviam com Morrison, incapazes de compreendê-lo, mas também de abandoná-lo. Algo nele atraía. Era como se todos ao redor dele unissem força para impedir que Morrison desperdiçasse seu talento e sua vida. Aí consiste um conflito de percepções e idéias. Algumas pessoas, como Morrison, não vieram ao mundo para viver como todas as outras vivem ou esperam como se deva viver. Algumas pessoas, como Morrison, vêm ao mundo para viverem de um jeito único. Como ELAS devem viver, e só.
"COME ON, BABY, LIGHT MY FIRE" exclamava Morrison para suas admiradoras que, embora despertassem seu desejo e sua libido, não mantinham seu interesse por muito tempo. Nem sua namorada dos tempos de adolescência (Meg Ryan, insossa como sempre), nem suas mais ardentes e dispostas amantes. Morrison perdera o interesse pelas pessoas. Necessitava de algo mais. Algo entraria em sua vida para aumentar ainda mais o misticismo em torno de sua pessoa.
"BREAK ON THROUGH TO THE OTHER SIDE" e Morrison adentrava à bruxaria, encontrando ali as respostas para as perguntas que o simples convívio com pessoas "meramente mortais" já não era capaz de lhe dar. O ego de Morrison nunca foi pequeno e com a bajulação da mídia e dos fãs, ele começou a acreditar que realmente era um se superior e que poderia ascender à um plano mais elevado. Foi nesse período que Morrison criou a enigmática frase "EU SOU O REI LAGARTO E POSSO FAZER QUALQUER COISA!". O que ele quis dizer com isso é o que menos importa, pois a frase virou simbolo de sua adoração pelo ocultismo.
"IS THIS THE END....MY ONLY FRIEND, THE END...." a adoração pela morte deixava claro que Morrison nos deixaria cedo. Como tantos outros gênios, Morrison morreu aos 27 anos, de maneira ainda mal esclarecida, mas seu legado permanece vivo e forte como nunca. Quantos adolescentes vemos pelas ruas com camisetas do The Doors com a famosa foto de Morrison sem camisa, com os braços abertos e aquele semblante enigmático? Jovens que sequer tinham nascido no ano em que Morrison morreu, mas conhecem as letras de suas músicas de cor? Pois para pessoas como Jim Morrison, a morte não é o fim, apenas um passaporte para a eternidade.
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