A Marvel Studios passou cinco filmes nos preparando para o maior clímax do seu cinema (talvez de certo modo dos filmes de super-heróis em geral) até aqui, quando uniu pela primeira vez todos os vingadores em um mesmo plano no filme de 2012 e nos lembrou que super-heróis são... Bem, super! São seres icônicos criados para admirarmos seus feitos e nos empolgarmos com suas aventuras que espelham e elevam nossas qualidades e problemas a enésima potência. E então chegamos em Thor: Ragnarok, que talvez seja o ponto mais baixo do estúdio até aqui e do cinema de anti clímax que o vêm praticando com cada vez mais força desde que cortou de um dos momentos de ápice dramático de Doutor Estranho para uma piadinha que soava fora de hora em uma narrativa que acabara de tentar nos emocionar.
Se a Marvel adquiriu um medo incompreensível do clímax logo após erguer seu cinema na antecipação do mesmo, Thor: Ragnarok é o paraíso para o estúdio. Não existe um momento em que a montanha russa da narrativa sobe para nos fazer descer vertiginosamente. Pagamos o ingresso para um trenzinho que anda em linha reta.
Sim, iremos rir de várias boas piadas ao longo do filme de Taiki Waititi, mas, frequentemente, teremos a consciência de que algo está errado e que a reação deveria ser outra. Aí vem o gosto de decepção. Porque aqui a entrada do Hulk de Mark Ruffalo em cena precisa ser seguida por uma piada. Sua reentrada apoteótica em ação é interrompida por uma gag física. Um momento de intimidade e carinho entre os irmão Thor e Loki precisa acabar em uma piada (repetida ainda). E mesmo o esperado embate final, logo após sermos apresentados a versão mais poderosa do deus do trovão nos cinemas até aqui, é empurrado para outro personagem, o que seria sensacional já que coloca dois vilões de calibre altíssimo a duelarem, mas que, de novo, decepciona ao encerrar tudo em menos de um minuto de ação. Aí chega uma cena final que quer nos fazer sentir algum carinho por figurantes e protagonistas que já não o teriam dado o percurso até esse momento dramático, mas que ao novamente ser seguido por piadinhas, acabam causando uma espécie de raiva que se fôssemos nós doutores Banner, renderiam um cinema esmagado por Hulks.
Sobram então uma Asgard e outros mundos mais vivos que nunca graças a qualidade técnica do estúdio, o uso extremamente apropriado da Immigrant Song do Led Zeppelin, que torna qualquer cena de ação muito melhor do que realmente é, e os atores que tornam um filme surpreendente salvo pelo elenco em vários momentos. Porque como herói Thor não diz a que veio, mas seu intérprete Chris Hensworth surge cada vez mais a vontade em cena. E há Jeff Goldblum que precisa, literalmente, só surgir em cena para divertir. Há uma ponta hilária de Matt Damon que ofusca a ponta clássica de Stan Lee. Há a surpreendente Tessa Thompson, que precisa estar em qualquer filme posterior do Thor. Há Cate Blanchett tornando ameaçadora (e incrivelmente sexy) uma vilã que o roteiro insiste em aliviar. E, claro, pela terceira vez Tom Hiddleston poderia exigir que o filme se chamasse Loki, já que sempre que aparece rouba o filme para si e insiste em não devolver, tal qual o personagem faria caso fosse (e é, de certa forma) um ator.
E ainda bem que há esses atores e atrizes, porque aqui existe tudo, menos algum peso que o tal Ragnarok do título parece sugerir, já que a única ameaça aqui é ao futuro do Universo Cinematográfico da Marvel, que nos preparava para algo que parecia um épico climático contra o maior de seus vilões e que temo se revelar uma batalha se esquetes entre super-heróis e integrantes do Casseta e Planeta.
EDIT: a cena que em que o rosto do Hulk sobrepõe o reflexo do Bruce Banner é massa e um raro momento de interesse em criar algo genuinamente significativo aqui.
único filme da marvel que tive vontade de assistir vendo trailer e ainda o pepe dá uma nota baixa dessa... esse eu realmente não vou perder
Tu gostou de Apocalypse, deve amar esse. Tão merda quanto
Nota alta. Dei aquele 2 amistoso.
Só não dei nota desse nível pq realmente gosto dos atores e atrizes aqui. Senão... Era daí pra baixo