Goerge Lucas se mostrou um diretor bastante preocupado com a estética e a criação visual original e claro, futurista nos preâmbulos de sua carreira. Visionário, fazer essa criações com pouco dinheiro disponível mostrava se o camarada possuía culhões e genialidade e isso meu xará provou de sobra no início de seus trabalhos. Hoje, Lucas parece apenas preocupado em administrar os produtos em diversas mídias de seu filme mais querido, sua galinha dos ovos de ouro. Tendo dirigido apenas seis filmes ao longo de sua trajetória, a trilogia nova de Star Wars se mostrou mais artificial, mais CGI e menos 'feeling' e coração como foi visto na trilogia clássica/original. Lá, no inicio da famigerada década de 70, um trio de amigos, jovens cineastas, meio sem rumo ainda, arriscavam a sorte entregando seus primeiros trabalhos. Sendo o primeiro filme produzido pela American Zoetrope, criada por Francis Ford Coppola e com orçamento de apenas US$ 777 mil, nascia "THX 1138"...
O filme se passa no século 25, em uma sociedade controlada de maneira rígida tanto pela força policial como por medicamentos. Todos vivem em função do trabalho e do consumo. Demonstrações de sentimento parecem não ter vez nesse mundo. As coisas correm do jeito que os líderes querem até que um casal decide quebrar algumas regras importantes. Quando assisti esse lembrei um pouco de um outro filme, pelo fato talvez de ter assistido "Equilibrium" que mostrava um enredo também em uma sociedade futurista controlada por uma forte ditadura em que "sentir" também era totalmente proibido. Os filmes se assemelham bastante, porem "Equilibruim" é bem mais voltado para ação, enquanto esse exemplar aqui foca muito no drama. "THX 1138" não agradou muito os executivos da Warner Bros. na época de seu lançamento, então os chefões decidiram por reedita-lo por conta própria e além disso diminuíram em muito o investimento em divulgação. Então, possa ser que a versão do próprio Lucas talvez fosse com uma duração maior, visto que a versão definitiva gira em torno de 1 hora e meia apenas...
Talvez os fãs mais fervorosos da saga Star Wars não conheçam esse exemplar e se forem assisti-lo nem imaginaram que seja uma cria de Lucas. "THX 1138" é um filme arrastado, lento por assim dizer, opressivo e totalmente claustrofóbico. Com um enredo duro e com inicio confuso, os humanos do filme já não tem mais nomes, apenas siglas de carros da BMW e devido a constante ingestão de drogas, mais parecem zumbis dos filmes de George A. Romero que gente propriamente dito. Infelizmente "THX 1138" sobrevive graças a sua fantastica direção de arte e estilização por parte de Lucas, devido a outros exemplares do gênero terem tomado pra si os louros da glória Sci-Fi como "Blade Runner" e "2001". Aqui, como todas as outras obras do diretor, o roteiro não é o forte, apesar da sensacional idéia original. O personagem principal vivido pelo mestre Rober Duvall parece estar tão confuso quanto a gente e sua parceira LUH (Maggie McOmie) que parece ter um pouco de entendimento sobre tudo some de cena sem cerimônias. SEN (Donald Pleasence) é uma espécie de louco boa praça, mas além de dominar a informática, não faz muita ideia também do que esteja fazendo e contando que arte dos seus diálogos foram retirada de discursos de Richard Nixon, da pra ver o nível de porra-loquisse do cidadão.
Quando orientado por sua companheira a parar de se drogar, THX começa a ter problemas de verdade, porque dentro de si começa a aflorar um dos sentimentos mais poderosos (talvez o mais) do universo; o amor. Como esse sentimento é proibido, os humanos eram desenvolvidos através de laboratório e quando THX E LUH fazem amor pela primeira vez e passam a ser considerados ameaças ao regime autoritário em que vivem, precisam fugir para não serem reprimidos. Apesar do raso e fraco roteiro algumas sacadas são genias, como a espécie de confessionário em que THX vai constantemente com uma imagem messiânica, apresentando uma imagem similar a Jesus Cristo e posteriormente, mais no fim da fita quando SEN conhece o verdadeiro local da imagem e começa a rezar ele é impedido de faze-lo impiedosamente por um líder religioso. Os diálogos efetuados na prisão são tão lunáticos a ponto de nenhum manicômio botar defeito e os canais de TV exibidos no aparelho de THX em sua casa também brotaram nos momentos mais alucinados da mente de Lucas.
Mas o carro chefe da fita seja mesmo seu visual. Os enquadramentos de câmera realizados por George Lucas são soberbos, quase sempre com os personagens no fundo dos cenários e os planos sequencias parados e estáticos, realçam ainda mais o sentimento de claustrofobia. Os pouquíssimos efeitos visuais, não perdem em nada para os efeitos de hoje em dia, todos são sublimes desde a aparência de toda a sociedade, passando pela estética da tecnologia até o grade clímax final. Tudo isso é ainda mais primoroso, quando lembrando o apertadíssimo dinheiro disponibilizado ao diretor. Pra se ter uma ideia do tanto que a verba estava escassa, Lucas contou com o apoio do centro de reabilitação de drogas de Synanon para conseguir o grande número de extras que precisava. Lá encontrou vários dependentes em tratamento que já estavam com a cabeça raspada, como parte do programa ministrado no centro de reabilitação e a intenção (não sei porque) inicial de Lucas, era que o filme fosse rodado em Tóquio, mas como ele ainda não disponibilizava de bilhões de dólares em sua conta corrente teve que se contentar em gravar as cenas entre São Francisco e Los Angeles.
Os efeitos sonoros também são excelentes, muitos retirados de sons telefônicos alterados eletronicamente, méritos para Walter Murch. Muito do que é visto na tela fica mesmo pelo subentendido e não me desse o fato de aparecer apenas um negro em todo o filme e que ainda mais ele é uma espécie de programa de computador. O visual dos oficiais-robôs-policiais me lembra muito C3P0. Eu queria ver mais filmes do meu xará por aí, talvez seja preguiça, ou talvez inspecionar todo produto com o nome 'Star Wars' deva dar trabalho demais. O fato é que o cara tem as moral de criar mundos em que humanos, alienígenas e robôs vivam no mesmo ambiente. Pacificamente ou não. "THX 1138" é um filme pra poucos. Pode parecer arrastado, lento e monótono para alguns, mas mesmo que seja por curiosidade merece ser visto.
Tem que ter um QI 300+ pra perceber isso
Mas ele dirigiu Loucuras de Verão....
George Lucas, melhor diretor da saga SW. Só com ele pudemos nos divertir com Jar Jar Binks.
Essa foi no rim, Marcelo. kkkm