NEM COMÉDIA, NEM AÇÃO. TIROS, GAROTAS E TRAPAÇAS NÃO SABE O QUE É OU A QUE VEIO
Tiros, Garotos e Trapaças (Guns, Girls and Gambling, 2011), filme de estréia do diretor e roteirista Michael Winnick, aparentava ter tudo para ser uma boa comédia policial, mas esbarra nas próprias pretensões, em se levar à sério de mais e em subestimar - pra não dizer menosprezar - o espectador.
A história é tão confusa que é difícil de resumir, acompanhar ou mesmo de entender. John Smith (Christian Slater) é um trambiqueiro que acaba se envolvendo com uma quadrilha de covers do Elvis, liderados pelo "Elvis Vencedor" (Gary Oldman), como é conhecido, contratados pelo criminoso da cidade conhecido apenas como O Rancheiro (Powers Boothe), para roubar uma máscara sagrada de um chefe indígena dono de um cassino no meio do deserto, com o objetivo de enfraquecer espiritualmente a tribo. Por ser fã do Rei do Rock, o chefe dá acesso livre ao covers para transitar pelo cassino. Daí, a facilidade para a quadrilha em se apoderar da relíquia. Porém, alguém traiu a quadrilha e agora Smith precisa encontrar a mácara para salvar sua vida. O problema é que, tanto o Rancheiro, quanto o chefe querem a máscara em troca de poupar a vida de Smith. Além disso, todos os matadores da cidade - e isso inclui uma loira gostosona que recita Edgar Allan Poe antes de matar suas vítimas, um caubói, um índio escalpelador, um Elvis asiático, um Elvis gay, um Elvis anão e dois xerifes corruptos - também estão atrás não só da máscara, mas também de Smith.
Tão difícil quanto esmiuçar os detalhes da história do filme é listar seus problemas. Esse negócio de o filme parar para apresentar cada personagem que aparece é até legal, mas começa a irritar quando se dá num espaço de tempo muito curto, e ainda mais quando começa a ser empregado até em objetos do cenário. Além disso, com menos de uma hora de filme, somos "brindados " com um resumo de tudo o que acabamos de acompanhar até então. Atitude desprezível por parte do diretor. Acho que foi só pra encher linguíça mesmo.
Sem falar de certos detalhes do roteiro que chamam a atenção, como por exemplo, por que deixar um pé-de-cabra bo porta-malas onde você vai trancar alguém? Será que pra ele ter chance de escapar de um jeito fácil de explicar? Ou o fato dos personagens, mesmo perseguidos por uma legião de assassinos, sempre encontram um tempinho para parar, bater um papo e fazer mil e uma piadinhas. Ou ainda, o caubói que diz ser capaz de cortar um fio de barba com uma bala há 50 metros de distância, mas descarrega dois revólveres nos protagonistas e erra todos os tiros!! Mas nada supera o velho truque do "olhe atrás de você" que aqui, é utilizado com sucesso cinco vezes!!!! Na terceira eu já havia perdido as minhas esperanças.
Há também a questão do elenco. Slater está longe de ser um bom ator (eu acho terrível), mas nem está tão mal aqui. Se encaixou bem no personagem. O problema é mesmo o roteiro muito mal trabalhado e confuso até dizer chega, se achando complexo. Gary Oldman está renegado à um personagem mínimo na trama, completamente sub-aproveitado. E Dane Cook só aparece pra comprovar toda sua falta de talento e aptidão para a comédia. Mas Helena Mattsson é um espetáculo visual tão divino, que nem questiono como A Loira consegue andar tranquilamente por aí com aquela roupa.
De tão confuso, Tiros, Garotas e Trapaças passa a impressão de ser MUITO mais longo do que realmente é. Algo hibrido entre A Última Cartada (Smokin' Aces, 2007) e 3000 Milhas Para o Inferno (3000 Miles To Graceland, 2001) o filme Michael Winnick reúne o que há de pior das duas produções: pretensão, roteiro confuso, elenco desperdiçado, falas e saídas de roteiro bestas, previsibilade, direção incapaz e desprezo para com a inteligência do espectador.
Tinha potencial para ser mais, mas acabou vitimado pela própria falta de pés-no-chão.
A única pergunta que fica é a seguinte...
Por que diabos Gary Oldman topou participar dessa merda???
Acho que a resposta, Gabriel. é: $!
Só pode...!
A hipoteca tem que ser paga também né?
Como dizia meu tio: "Nem só de pão vive um homem, mas há de provê-lo, né?"