Mills é um exemplo perfeito de um cineasta que usa cronologia confusa para esconder a incapacidade de contar sua história. A grande premissa é atropelada por um romance que quebra totalmente o clima e a única motivação de continuarmos assistindo, bem como truques, flashes e narrações em off de acontecimentos históricos e algumas leituras narradas pelo personagem para compensar a falta de enredo e para encobrir o vazio constante na narrativa.
O que mais chama a atenção em Toda Forma de Amor é a premissa que envolve Hal Campos (Christopher Plummer), um gay de meia idade que saiu do armário aos 75 anos, após a morte da esposa. No outro lado da narrativa, que é intercalada por recordações, temos Oliver (Ewan McGregor), que ainda abalado e desiludido está a procura do verdadeiro do amor. Vemos então o mundo pelos olhos de Oliver. Tudo é muito triste, sem vida, suas expressões o faz parecer desesperançoso e confuso, e assim todo o filme está impregnado com um tom geral de tristeza profunda. Seus relacionamentos românticos não tem dado certo, visto que talvez não tinha bons exemplos, já que seu pai, que desde criança gostava de homens e nunca pode oferecer um relacionamento fervoroso ou nunca fez sua mãe se sentir uma mulher desejada e amada. Oliver está feliz que seu pai não desistiu de vida, e finalmente está buscando um amor verdadeiro, mas ele só não pode esquecer os anos de isolamento e solidão que sua mãe passou. Até conhecer Anna (Mélanie Laurent, que interpreta a fofura em pessoa), que o fará vivenciar o amor que ele nunca sentiu.
É decepcionante ver uma proposta tão relevante e complexa para o tema nos dias atuais ser desperdiçada na mão de inexperientes que por vezes deixava o fluxo cair, fazendo o filme se tornar incrivelmente chato quando o personagem de Plummer saía de cena. A narrativa que alternava entre o passado (o pai de Oliver e seus últimos anos de vida) e o presente (Anna e Oliver) poderia até resultar em algo positivo se as emoções e o tempo em que cada uma delas ficam na tela, fosse mais cuidadoso. 'Mike Mills' chega ao ponto de não conseguir emocionar mais e tornar seu personagem do presente uma barreira para o vínculo emocional com o romance, já que tirava seus personagens de cena em pleno clímax. Talvez o mundo de Oliver, triste, com trilhas sonoras melosas de solidão, uns bate-papos com seu cachorro, uns diálogos vazios com sua bela namorada atriz francesa, umas tomadas sem diálogos, não fosse tão interessante quanto o mundo alegre (apesar da doença) de Hal, que anima quando os flashes volta para ele. Total descuido de Mills.
Assim sendo, 'Christopher Plummer' consegue roubar, sem muito esforço, quase todas as cenas, mesmo quase perdendo seu espaço, o que não acontece devido à força de seu personagen que é o grande trunfo do filme. Mesmo em estado terminal devido ao Câncer, Hal quer amar nem que seja nos seus últimos anos de vida. E é isso que o título evidencia, mostrando toda forma de amor sendo vivida intensamente como se ainda fossem “Iniciantes”, mostrando também que nunca é tarde para a auto-descoberta e que todos tem o direito de dar uma chance ao amor e ser fiel e honesto consigo mesmo quando se almeja a felicidade.
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