“Mulheres são meu tipo...”
Lindsey Lohan interpreta Cady, uma adolescente que recém chegada à uma daquelas típicas e estereotipadas “high school” americanas, que se junta à dois adolescentes deslocados para tramar uma “vingança” contra Regina George a mais fútil e cruel patricinha da escola, que não pensa duas vezes antes de humilhar alunos e professores apenas para satisfazer seu inflado ego. Bolando um plano que, tal qual uma das mais velhas táticas de guerra, envolve conquistar o inimigo antes de partir para o ataque, Cady se torna uma das “plásticas”, grupo de patricinhas comandado por Regina. Claro que, ao adentrar no mundo “cor-de-rosa” daquelas garotas, Cady começará a ter sua personalidade mudada e perceberá que está ela própria se tornando o que queria “combater”. E então, no final todos os personagens recebem uma lição de moral motivada pela trajetória da protagonista em um evento que reunirá todo o elenco do filme na mesma cena.
Sim, eu sei que a sinopse acima não se refere à Todas contra John e sim Meninas malvadas, produção de 2004 que indo além do rótulo “filme para mulherzinha” representava uma ótima diversão e ainda brincava com os clichês de filmes de colegial (ainda que por vezes escorregasse em seus próprios) mas, é muito difícil assistir ao filme dirigido por Betty Thomas e não se lembrar da produção dirigida por Mark Waters e estrelada por Lindsey Lohan e Rachel McAdams (nas prováveis melhores atuações de suas respectivas carreiras) já que, o roteiro escrito por Joff Lowell nada mais é do que uma cópia mal acabada daquele escrito por Tina Fey, trocando-se apenas o “vilão” do filme e as “motivações” da protagonista:
Saem Regina George e os alunos deslocados magoados por ela e entram John Tucker, o garanhão do time de basquete que não hesita em mentir e posteriormente magoar todas as garotas com quem sai. Mas, John não contava que, suas ultimas três ex-namoradas se juntariam à recém-chegada Kate (reparem que até mesmo a fonética do nome é similar à da personagem de Lohan) para tramar um plano (provavelmente elaborado depois de assistirem o filme de Lohan) onde Kate fará John apaixonar-se para depois partir seu coração e dar-lhe um pouco de seu próprio remédio.
Claro que ela então começará à se apaixonar de verdade por John, ele se mostrará alguém muito melhor do que superficialmente poderia supor-se, as “amigas” vão brigar bastante e uma lição de moral será dada ao final em uma festa com todo o elenco (imagino que essas cenas devem ser feita no mesmo dia da festa de encerramento das filmagens, mas, divago). Sendo assim, o que mais surpreende em Todas contra John é que o filme funciona e veja só, diverte:
Contando com sua parcela de situações engraçadas (tudo bem, não é um novo clássico da comédia, mas, desperta o riso em momentos ocasionais), Todas contra John diverte em função de seu protagonista, o candidato a galã de filmes genéricos Jesse Metcalfe, ex-Desperate housewives – a série das donas-de-casa desesperadas), que na falta de talento dramático, apresenta um grande carisma no papel do título. Sem levar-se a sério – a cena em que John torna a tanguinha de fio-dental a nova moda entre os homens da escola é um exemplo disso – o ator consegue tornar seu “cafajeste” um personagem não desprezível e nos leva até mesmo a torcer para que tome jeito e, quem sabe, acabe ao lado de Kate.
Já a protagonista, Brittany Snow, beneficiada pela única personagem feminina que apresenta mais de uma característica própria, se sai bem retratando as varias nuances da personagem. E por nuances entenda caras e bocas que variam entre garota inocente e atrapalhada e garota segura e sedutora. E ainda ganha pontos com o público masculino ao protagonizar um comportado beijo lésbico com sua colega de elenco, Sophia Bush e, claro, aparecer “apenas” de lingerie vermelha – não disse que ela retratava as “nuances” da personagem?
E é uma pena, portanto, que as ex-namoradas de John resumam-se à estereótipos de garotas do colegial: temos a líder de torcida, a jornalista nerd e a... vegetariana? É, eu sei... Mas, na falta de uma característica mais marcante, a produção fez uma média com o pessoal que não curte carne. Aliás, algo de que não pode-se acusar a produção do longa é de não fazer média com o público, já que, consegue “homenagear” morenas, loiras e ruivas, já que, cada uma das ex de John é representante de uma dessas colorações de cabelo (líder de torcida, nerd e vegetariana, respectivamente).
Derrapando em seu final ao não decidir-se entre o tom de comédia ou romance – a ideia de manter John como um mulherengo é boa, e a última cara de pau do personagem rende uma válida risada final, mas, o romance entre Kate e o irmão do protagonista não convence, mesmo desenhando-se ao longo de todo o filme – Todas contra John pode até não apresentar-se como um novo clássico dos filmes adolescentes, mas, durante pouco mais de uma hora e meia diverte e entretém, o que já é muito mais que os filmes do gênero normalmente têm para oferecer.
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