Quando o excêntrico se torna cômico, tiramos disso algumas pequenas lições das coisas do dia, principalmente quando nossa família ou nossos pais, mais especificamente, estão envolvidos, olhe para os seus pais, você é exatamente iguais a eles? Sim, alguns dirão que sim, outros afirmaram com toda firmeza que não são, chegando achar em determinados momentos que são adotados, para dar uma graça as coisas, com base nisso, o filme sensação do Festival de Cannes 2015, se constrói, aclamado por toda crítica por onde passou, o que de início parece ser só mais uma drama familiar, vai para um caminho totalmente contrário, como disse lá em cima, é um cômico exagerado com altas doses de cenas engraçadas.
O longa gira em torno de Winfried, um senhor cheio de graças, seus dias caminham como o de qualquer outro, quando ele se dá conta de que está afastado de sua única filha, Ines. Como já é de se esperar ele tenta se aproximar da mesma de qualquer maneira, ela que mora em outra cidade, inicialmente o aproximar dos dois é quase Impossível, vários fatores tornam a relação deles pouco provável, só então Winfried tem uma "ideia" - é aí que entra o Toni Erdmann do título, um alter-ego do protagonista, uma figura engraçada e que vai pregar algumas peças na filha, como se fosse um chacoalhado da vida.
O longa é claramente sobre a relação entre pai e filha, escrito e dirigido por Maren Ade que estava afastada do cinema por vários anos, ela cria um clima de ótimos diálogos, longos silêncios o que torna o filme um tanto longo demais, ainda assim, o grande mérito do filme, é colocar duas figuras extremamente opostas, enquanto o pai usa e abusa do bom humor, não se leva tão a sério e faz piadas com quase tudo, para se aproximar da filha, ela é a típica mulher frígida, encara tudo com seriedade e só tem tempo para o trabalho.
O problema disso tudo e de ambos serem opostos, é que eles vivem um mesmo problema, ambos são sozinhos, a direção faz questão de deixar claro, os cenários deixam claro o quanto são sozinhos ambos são, dessa forma, o filme funciona como um interesse conflito entre duas pessoas que de fato, se amam, sem cair em clichês ou ficar carregado demais - ainda que eu o ache mais longo do que o necessário - a história flui muito bem, com um humor afiado e algumas cenas memoráveis, principalmente quando Winfried está na pele de Toni Erdman com seus dentes ou na cena em que ele aparece na festa com aquela peruca ou fantasia cheia de cabelos, um dos grandes momentos do filme.
O fato é que Maren Ade não fez um filme para se levar a sério, ele é excêntrico e cômico e é dessa forma que deve ser apreciado, valorizar os pequenos e bons momentos da vida, só assim não cairemos na mesma solidão que Winfried e Inês ficaram durante um longo período, até que caíram na real, tudo precisa de um toque de humor.
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