O longa-metragem que mais causou burburinho em 2017 não foi nem Corra, nem Laby Bird e sim Três Anúncios Para um Crime, longa carregado de carga dramática foi acusado de inúmeras coisas depois de ganhar o Globo de Ouro de melhor filme, as acusações ficaram ainda mais pesadas quando o filme ganhou o SAG de melhor elenco, ai foram acusações pra todo lado e um grupo de pessoas que não gosta de filme começou ataca-lo sem motivos muito plausíveis, de qualquer forma, o filme chega forte para o Oscar, que acontece no próximo dia 03 de maio, ficamos na torcida para o filme seja premiado.
O filme se passa na pequena cidade de Ebbing - do título original - Mildred Hayes é uma mãe inconformada com a morte de sua filha, ela não se conforma com a ausência de respostas, meses após sua filha ser estuprada e assassinada, decide alugar três outdoors em uma estrada que quase ninguém passa e colocar "anúncios", sua intenção é chamar a atenção das autoridades, escancarar seu inconformismo, colocar o caso em pauta novamente, antes que ele seja totalmente esquecido. Mildred até então, não saberia se seria apenas apenas mais uma tentativa frustrada de chamar atenção da policia ou se resultaria em alguma coisa, claro que, para o desenrolar do filme, os anúncios causaram mais consequências do que ela jamais imaginaria.
O filme é inteiramente dominado por Frances McDormand que logo nas primeiras cenas deixa claro as intenções de sua personagem e de sua atuação - impressionar - embora sua dor seja compreendida pelos habitantes da cidade, sua atitude de colocar os anúncios não, considerada radical e indelicada, devido o apontamento direto feito ao nome do Chefe Willoughby, que é o chefe da policia e o nome por trás da investigação do assassinato, Willoughby é um dos grandes personagens do filme, a interpretação de Woody Harrelson também deixa claro as intenções de seu personagem e de sua atuação, ele não é o mocinho, ele é um detetive que é acima de tudo, um amigo de Mildred e os grandes momentos do filme estão concentrados nas cenas em que ambos estão juntos dialogando, discutindo ou se ajudando. Martin McDonagh nos coloca no meio de dilemas fortes. Chegará a hora de Mildred desistir dos seus três anúncios? Tudo é bem introduzido e trabalhado por um roteiro que também se esforça em dar camadas à vida dentro da casa de Mildred; camadas à dor de uma mãe e ex-esposa.
O humor negro que muita gente reclamou, está ali presente em doses altíssimas, colocando em cena situações absurdas, Martin McDonagh acaba criando uma marca própria, um plano-sequência na metade da projeção, sensacionalmente executado e ilustrado musicalmente, pode arrancar as mais fortes gargalhadas do público, dito isso, somos levados diretamente a Jason Dixon - Sam Rockwell, favorito ao Oscar de ator coadjuvante - um policial racista e extremamente estúpido, movido por impulsos fortemente questionáveis. Por causa do personagem de Rockwell, muitas acusações foram feitas ao filme, principalmente de que ele era um filme racista, o que eu particularmente acho um absurdo, ele é de fato, um personagem racista mas, o foco do filme não é esse, e sim de humanização sobre um homem indubitavelmente condenável. O fato é que o personagem é insuportável por todas as suas atitudes, com o desenrolar do filme logo somos convencidos de que toda pessoa tem dois lados e toda pessoa tem o diretor de se redimir.
O filme é como um todo completo, os personagens são complexos e perfeitamente trabalhados, com uma trilha sonora que caiu como uma luva e que claro, quem gostou achou todas as acusações totalmente insanas e injustas, há muitas qualidades que fazem Três Anúncios Para um Crime não ser um filme ordinário, este é um longa-metragem que abrange uma riqueza temática fortíssima sem soar desonesto, que valida o pensamento de que a dor pode ser tratada de vários modos.
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