George Clooney nem precisa chegar em uma mulher é só escolher uma em meio a multidão e dizer: "Vem cá e chupa!" O cara é um galã incondicional que remete aos bonitões dos tempos de ouro como Clark Gable, Cary Grant entre outros. Revelado na TV com a ótima série E.R. (Plantão Médico) e com uma sólida carreira como ator, obviamente tirando a bomba estratosférica "Batman & Robin", Clooney demonstrou talento e também 'boa sorte' para com seu currículo. Queridinho da América, sendo apontado como sempre solicito e simpático com seus fãs talvez o Oscar que possui como Melhor Ator Coadjuvante por "Syriana" seja pelo conjunto da obra, mas de toda forma o ator possui suas qualidades. Posteriormente, eis que ocorre um fato quase que inevitável, uma aventura por trás das câmeras e em 2002 surge o bom "Confissões de uma Mente Perigosa". Sentindo gosto pela coisa, surpreendentemente em 2005 vem "Boa Noite e Boa Sorte" e uma bem vinda indicação ao Oscar na categoria de Melhor Diretor. Em 2008, com o irregular "O Amor não tem Regras", Clooney desanimou um pouco seus novos fãs, mas o prestigio é recuperado em 2011 com o excelente "Tudo Pelo Poder"...
Baseado no livro Farragut North, de Beau Willimon, o filme se passa em Des Moines, no estado de Iowa, algumas semanas antes de o partido democrata, o mesmo de Obama diga-se de passagem, escolher seu candidato para concorrer à presidência dos Estados Unidos. A trama é centrada no idealista diretor de comunicação Stephen Myers, em campanha para que o governador Mike Morris vença as primárias. Em questão de dias, frustrado e depressivo pelo jogo político e por revelações íntimas, o idealismo de Stephen é reduzido a zero. O brasileiro já está habituado com todas as falcatruas que envolvem a politicagem, afinal, é vasta a história de corrupção que assola nosso pais desde sempre, jornais sempre publicaram, publicam e iram publicar escândalos políticos dos portes mais cabeludos possíveis. Acho que pela primeira vez na vida eu achei o título nacional bem traduzido, pois "Tudo pelo Poder" da uma ideia bastante clara do que os políticos da película são capazes de fazer para atingirem seus objetivos, custe o que custar...
Nesse cenário de eleições, é fácil perceber uma alusão a candidatura do primeiro presidente negro dos EUA e isso já é deixado bem claro em alguns pôsteres divulgados para o filme, emulando o artista plástico Shepard Fairey que na campanha de Obama, criou o celebre cartaz "Hope" para a campanha do atual presidente norte-americano. O assessor de imprensa do candidato democrata Mike Morris, Stephen Myers, tem uma transformação drástica ao longo da trama. No inicio, Myers é um jovem idealista e sonhador, defende as promessas e o estilo de trabalho de seu candidato com unhas e dentes, com argumentos sólidos e coesos. Porem, a medida que Stephen vai se afundando e descobrindo a podridão e os meios não tão lícitos assim de Morris para atingir a candidatura para a presidência do país e assim o abatimento, desilusão e consternação vão tomando conta de seu ser.
Clooney apresenta aqui, uma excelente segurança narrativa e uma direção vigorosa e sucinta apresentando os bastidores de como é a corrida presidencial e de candidatura dos EUA, mas Clooney faz isso tão soberbamente bem que até quem não entende ou não se interessa por politica irá compreender e gostar do que é exposto na tela. O diretor nos explica e afirma o que já poderíamos supor, que a politica na terra do Tio Sam nada mais é do que um imenso jogo de xadrez, cada pessoa ou funcionário é uma peça, uma função e será utilizada de alguma forma, os erros são imperdoáveis e se você precisar cair, irá cair. No final quem precisava ser ajudado é quem não irá receber nenhum auxilio e esse alguém é o próprio cidadão. Esses temas são abordados e mostrados devagar, mas a medida que Myers vai se aprofundando nesse jogo de gato e rato, tudo progressivamente se torna mais obscuro.
Com uma fotografia excelente, montagem, trilha sonora e enquadramentos de câmera exemplares, Clooney se mostra um exímio diretor ao acertar também na composição de seu elenco, todos estão ótimos. Paul Giamatti, Jeffrey Wright e Max Minghella emprestam como sempre suas respectivas qualidades e competência a seus papeis. Seymour Hoffman dispensa comentários um dos melhores atores que já pisou nessa terra, o cara é monstro mesmo. Muito subestimada, mas sempre eficiente é a bela e deliciosa Evan Rachel Wood que apesar de não aparecer tanto tem desempenho fundamental para o enredo da fita e a minha eterna musa Marisa Tomei acho que já não precisa ou nunca precisou provar nada. O Mike Morris de Clooney prova todo o carisma e qualidade do ator, com sorrisos carismáticos, falas e discursos firmes, ele é perfeito para passar a imagem de bom moço, sempre parece estar no controle da situação, mas que pode explodir a qualquer momento devido ao peso que acumula em seus ombros.
Toda a história é contada sob o ponto de vista de Myers e Ryan Gosling se mostra o melhor ator de sua geração, talvez eu admita isso com um certo respaldo mas é inegável concluir que Gosling tem um bom agente, sabe escolher muito bem seus projetos e nunca utilizou de sua beleza para entregar boas atuações. Seu personagem vive para a campanha e tem muito em sua vida fora dela. Em um breve momento em que atende o telefone pensando que é seu pai, a única coisa que diz é “por favor, não me diga que alguém morreu”. Nenhum cumprimento, nada, apenas a necessidade de saber se esta ligação custará tempo seu que poderia ser dedicado ao trabalho. Goslyng interpreta as duas facetas de sua personagem extremamente bem. Clooney entrega um filme ótimo e muito eficiente, com quesitos técnicos e atuações convenientemente agradáveis. Um fato curioso é que Clooney é democrata assumido e convicto e em nenhum momento puxa sardinha pro seu lado, pelo contrario ele aponta dedos e afirma que em qualquer ramo da politica pode ate ter as boas intenções, mas que todos possuem suas cotas de sujeiras e manipulações...
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