Além de ser talvez o melhor filme de Robert Rodriguez é também um dos melhores palcos para a criatividade trash dos cinemas.
Poucas vezes uma parceria pareceu tão bem enquadrada quanto a de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez em Um Drink no Inferno. Dois estilos diferentes que experimentaram um novo cinema que quando unidos deram a luz a um sub-gênero cheio de surpresas. O melhor a se fazer antes de assistir Um Drink no Inferno, que talvez seja o melhor filme de Robert Rodriguez, seria não ler nenhum tipo de sinopse e muito menos Trailer do filme, pois a experiência de assistir toda uma reviravolta frenética sem saber o que iria acontecer é o que há de melhor do longa.
Talvez essa seria a intenção dos cineastas. No início é impossível não vermos a mão de Tarantino na obra. Dois irmãos, bandidos, assaltam um loja e acabam fazendo um pastor em crise (Harvey Keitel) e seus dois filhos (Juliette Lewis e Ernest Liu) de réfem. Os caras matam mesmo sem nenhum remorço, o irmão mais novo, interpretado pelo próprio Tarantino é um estuprador que abusa e mata as mulheres sem nenhum ressentimento e os réfem sofrem pressão a todo instante com os típicos diálogos e verborragias Tarantinescas. Dentro do Trailer do pai, os irmãos criminosos estão indo para uma boate onde havia marcado um encontro com um de seus superiores. Logo depois vemos a mão de Rodriguez que parece ter reencontrado o caminho com bom Planeta ao Terror e o que parecia ser um filme Policial ser torna uma grande comédia-terror-trash.
Mesmo com um bom talento em mãos, Rodriguez resolveu encarar obras, ou melhor, lixos infantis como a série Pequenos Espiões e Aventuras de Sharkboy e Lavagirl , voltando a ter um certo status com a parceria com Frank Miller no filme Sin City - A Cidade do Pecado, que particularmente não gosto. Novamente com a parceria com Tarantino, voltando às raízes trash, os dois criaram a boa Trilogia Grindhouse, contida por Planeta Terror, À Prova de Morte e o recente Machete que traz Danny Trejo, um dos personagens de Um Drink no Inferno, como protagonista.
Um Drink no Inferno é aquele tipo de filme que quanto mais se evita falar sobre ele melhor, para não estragar as boas surpresas que o filme reserva, mas elogiar o trabalho da dupla não fará mal de forma alguma. Para aqueles que conhecem as obras de Tarantino já sabem o que esperar de seu roteiro repleto de diálogos interessantes, inteligentes e que nos prendem e nos prepara para a grande diversão do filme. Até mesmo entrar em questões bíblicas, sendo que um dos personagens era pastor, Tarantino o fez. Exagerado - talvez - irreal, anormal, sem explicação, mas de uma criatividade sobre tudo fascinante. As maquiagens no melhor estilo trash dão aos personagens características que todo trash exige, grotesco, repugnante e nojento. Os atores em boa sincronia, até mesmo Tarantino se saiu bem como ator, mas quem rouba mesmo a cena é talentosíssima Juliette Lewis que depois de dar um show em Cabo do Medo, traz uma grande heroína para sua filmografia.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário