Desta vez não deu, nem mesmo para o grande cineasta Peter Jackson, que após levar grandes clássicos e fenômenos de crítica e público aos cinemas, desenvolveu sua pior obra depois de levar a estatueta de melhor diretor para casa. A trama se mostra bastante interessante inicialmente, aonde o clima vai se construindo lentamente e apresentando os personagens e suas relações, tudo feito de forma bem convidativa. Quando a primeira meia hora da projeção é alcançada, o filme começa a desandar e perder o sentido, fato este que aos poucos vai se tornando freqüente, onde tanto história quanto personagens acabam se perdendo em meio a nada.
Susie é a protagonista, e é com ela que embarcamos em uma viagem lindíssima através de um mundo iluminado e bastante colorido, com uma exploração quase ininterrupta de toda esta beleza, onde o diretor busca mostrar todas as novidades juntamente com o olhar da garota, que ao lado de uma outra jovem, vai conhecendo e compreendendo onde está e o que tem de fazer. Do outro lado está a família da garota, que luta para superar as dores de sua morte, além ainda da caçada ao assassino, que mora bem ao lado de sua casa. O que poderia ser um belo conto através da conexão destes mundos distintos acaba se tornando um amontoado de passagens sem nexo algum, além de não contribuir absolutamente nada com nada.
Após ser assassinada, a jovem parte por este mundo desconhecido tentando entender a situação que se encontra, e por sinal, estas passagens são acompanhadas de uma fotografia de primeira linha, de grande qualidade e exuberância, intercalando as cores e formatos, em uma viagem quase psicodélica da jovem e do telespectador. Isso funciona até certo momento, pois quando a personagem 'some' da trama, dando lugar e destaque ao seu pai, as situações começam a beirar perto do ridículo. Não fica claro quando e porque a garota se conecta com o pai, esquecendo completamente sua mãe, por exemplo.
Aliás, Jackson além de desperdiçar uma ótima premissa, também anula a maravilhosa atriz Rachel Weisz, que sem dúvidas é a personagem mais mal aproveitada do longa. O pai da garota, interpretado pelo sempre acima da média Mark Wahlberg é quem recebe todos os destaques dentro da família da moça. Falando em personagens, qual, pelo amor de Deus, é o papel da personagem da excelente Susan Sarandon? Seus momentos são legais, mas não possui absolutamente nada com a trama, não interfere muito menos modifica nada. A decepção não é completa, pois temos um Stanley Tucci inspirado e criativo em sua composição de vilão, merecedor de sua indicação ao Oscar.
O assassino é frio, calmo e calculista, tal qual deveria ser, e quando está em ação, provoca arrepios. As situações que o envolve são sempre acompanhadas de muita tensão, onde a interpretação de Tucci contribui para tornar este serial killer no melhor do filme. É uma grande pena que no desfecho do filme, que por si só prometi bastante em relação ao destino dos personagens, tenha falhado vergonhosamente, lhe dando um fim horrendo. A sensação não poderia ser outra senão falta de criatividade. Afinal, o desfecho de toda a história é terrivelmente ruim, sendo deslocada em muitos aspectos, principalmente a história do serial killer.
Um Olhar do Paraíso é quase nulo em sua narrativa, quando em determinados momentos, o diretor simplesmente joga uma porção de cenas e passagens que não possuem conexão com a história, ou aborda outros de menor expressão, que poderiam ter ficado na sala de edição. Sem dizer o final que é especialmente uma tragédia, os personagens mal aproveitados, a trama confusa e a inserção de outras sub-tramas sem sentido, todas estas características fazem deste filme um passo em falso na carreira do brilhante diretor Peter Jackson.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário