A experiência inesquecível de assistir um filme tão interessante e divertido é algo que não se traduz com palavras, mas através das emoções. Quando se trata de animações, a sensação é que toda essa interação é desempenhada com um grau a mais desse conjunto de sentimentos que se misturam ao longo da projeção. Wall-E define muito bem como esse turbilhão de sensações pode influenciar na vida de quem o assiste, e como todas essas características podem transformar não apenas os momentos de duração do filme, mas romper essa barreira e chegar mais longe ainda. Logo de cara, nota-se uma animação diferente, de aspectos nada semelhantes com outros projetos da empresa, trazendo um misto de criatividade com uma extrema habilidade de se inovar e criar novas perspectivas, que ao final, parecem sempre dar certo.
Poder desfrutar dos primeiros 45 minutos de filme, quase sem diálogos, é um deleite visual impressionante, além de ser impactante acompanhar todos esses belíssimos cenários que se tornam pano de fundo para ser contada a história dos maravilhosos personagens da animação. Sem dúvida alguma, o robozinho Wall-E pode ser considerado um dos personagens mais carismáticos, simpáticos, divertidos e emotivos da história da Pixar. Um grande avanço que se constrói a partir de um esforço quase sobre-humano da equipe de criação dos efeitos, que não apenas desenvolvem personagens e paisagens fantásticas, como aumentam ainda mais a credibilidade da empresa em desenvolver essas animações, que, diga-se de passagem, há muito tempo deixou de ser coisa de criança, sendo que esse filme e mais outros, já são voltados tanto para o público infantil quanto aos adultos, proporcionando uma aceitação ainda maior.
Mas se você acha que Wall-E se estagna apenas a mostrar personagens e paisagens maravilhosas, está enganado, pois o roteiro escrito pelo também diretor Andrew Stanton é brilhante, e com certeza se mostra um passo e tanto para o futuro das animações daqui em diante. Com uma visão madura, crítica e altamente segura do que está afirmando, é um verdadeiro alerta mundial, principalmente à sociedade americana, algo semelhante do que fora apresentado no filme Nação Fast Food (2007). Uma sociedade cada dia mais obesa, despreocupada com o futuro do planeta em termos ambientais e de preservação se mostra um grande tema em potencial para ser explorado, e aqui a crítica é certeira e não desaponta, tornando-se mais eficiente do que muitos filmes rasos por ai que tentam transmitir um alerta semelhante.
Esse lindo exemplar parece não parar de impressionar tamanha sua beleza e eficiência em transmitir o que está propondo. Crítica social, a super qualidade da animação, a trilha sonora deslumbrante, além de contar com os personagens mais fantásticos dos últimos anos. Aliás, o romance entre Wall-E e Eve é comparável aos grandes romances do cinema clássico. Lírico, belíssimo, divertido e extremamente tocante, é capaz de fazer qualquer um chegar às lágrimas em seu mágico desfecho, que como não poderia ser diferente, é surpreendente e muito bem idealizado. Impossível não se interagir de forma emocional com o projeto, que vai se desenvolvendo de forma tão bela e inocente que fica difícil não ser conquistado pelos personagens desde seu início. Um grandioso ponto positivo aos roteiristas e criadores dos personagens e de suas lindas histórias.
O protagonista é desnudo de qualquer pensamento ruim, onde através de suas ações percebemos o quão é sincero, inocente e puro, com suas tentativas de conquistar sua amada. É incrivelmente recompensador acompanhar suas ações, algo que toca fundo no coração de qualquer um, que se mostra motivacional pelo fato da pureza exalada em meio a um ambiente hostil. Junto com tanta poeira, enormes pilhas de lixo e uma baratinha que mais parece um cachorrinho de estimação encontra-se Wall-E, uma maravilhosa criação que parece unir os mais belos sentimentos que justamente o compõe. A Terra naquelas condições, o espaço se transformando em enorme lixão de aparelhos tecnológicos, o comportamento dos seres humanos, dos robozinhos e principalmente do protagonista, tudo se une e eleva ainda mais alto o peso e a força dessa obra em meio as demais animações modernas.
Wall-E é encantador e prova de que uma animação pode conquistar públicos variados com uma história enriquecedora e altamente emocionante. O romance dos robozinhos se equipara aos grandes relacionamentos de clássicos eternos, a crítica social que é realizada com personalidade e estilo, as referencias deliciosas à grandes filmes como 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), os gráficos que impressionam pela riqueza de detalhes e com certeza todo o charme de uma história criativa e moderna, que é contribuída por uma trilha sonora de qualidade e belíssima. Uma mistura arrebatadora de lindos sentimentos que se intercalam em meio a muita diversão e emoção. Uma animação que com méritos levou o Oscar de seu ano, juntamente com o reconhecimento de direito. Vale a pena, durante todos os instantes de sua duração, como um exemplar que consegue promover as mais belas sensações vindas da Sétima Arte.
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