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Críticas

Cineplayers

Um filme que, apesar de possuir boas cenas, não é em momento algum mais que ordinário.

5,0

Neste novo trabalho do diretor Richard Donner (toda a série Máquina Mortífera, Os Goonies, Superman) a imagem mais marcante é a de um Bruce Willis cansado, abatido e - pasmem - gordo. Seu personagem é um policial decadente que faz apenas trabalhos fáceis. Assim surge a pergunta: seria este um espelho de sua carreira atual? Seus fãs podem ficar tranqüilos: o ator de 50 anos ainda é dono de uma carreira estável em Hollywood. Coisa rara, já que a maioria dos atores de ação tem carreiras curtas. Ainda assim, o ator não conseguiu fugir do estereótipo que define sua carreira: o de interpretar policiais, o que é um prato cheio para seus fãs (e eu sou um deles, nos primeiros lugares da fila), mas também um tanto quanto desapontador, visto que seria interessante vê-lo em papéis distintos.

Enfim, Willis é o protagonista de mais um filme policial. Desta vez, deve escoltar uma testemunha através de 16 quadras até o tribunal, e deve fazer isso até às 10 horas da manhã, em uma Nova York abarrotada de seres humanos (é raro ver a cidade ser retratada de forma tão suja e caótica como se viu neste filme). Uma missão ordinária para um policial decadente, mas o que ele não esperava era que essa testemunha trazia informações que colocariam a carreira de um bando de tiras corruptos na prisão, e eles farão de tudo para evitar que o policial e o bandido cheguem lá. O bandido, neste caso, é interpretado pelo irritante cantor de hip-hop (mas que ainda assim consegue ser um sujeito simpático) Mos Def, com uma vozinha à lá Capote que fica retumbando – da pior forma possível – na cabeça do espectador horas após o fim do filme.

O ponto alto do filme são os mesmos de sempre nesse gênero: muita tensão, boas cenas de ação e algumas reviravoltas interessantes, que fazem com que o filme não perca muito o ritmo, fazendo-nos querer ver o que acontecerá no final. Mas não há nada em 16 Quadras que já não tenha sido visto antes, e são especialmente irritantes as lições que moral que o filme quer passar a todo o momento: o bandido que promete que vai se regenerar; o policial que vai tomar jeito e se tornar uma pessoa melhor. Essas são basicamente as motivações dos dois personagens principais, que são coerentemente encaixadas entre uma e outra cena de tiroteio contra os policiais corruptos.

Tudo isso não é exatamente ruim, somente um tanto quanto decepcionante. Frustra ter que chegar e escrever pela enésima vez que não há nada de novo em mais um filme, que os personagens são batidos e as lições rasas. 16 Quadras, como foi dito, tem sim um ritmo decente e boas cenas, mas é mais um filme totalmente descartável. E frustra també pela dupla diretor-ator, que tanto já fez para agregar valor ao cinema. O filme fica sempre em um meio-termo entre o puro entretenimento (como em uma cena da fuga de um ônibus) e a seriedade (as tais lições batidas de moral que ele quer dar a todo o momento). Ao fazer isso, em momento algum ele consegue ser mais do que ordinário.

16 Quadras chegou aos cinemas para apenas somar, e não fazer diferença. É um filme que pode ser recomendado apenas para os reais fãs do gênero policial ou para os fãs de Bruce Willis, que acharão no mínimo interessante ver ele “por baixo”. Claro que no final haverá um motivo para torcer e vibrar pelo seu personagem, pois isso quase sempre acontece. Infelizmente, esse filme cairá no limbo assim que passar alguns meses de seu lançamento na locadora, juntamente com centenas de outras mediocridades.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 13:47

Posso ser sispeito pra falar, sendo tão fã de Bruce Willis. Gostei do filme, logicamente sabendo o que esperar dele: nada de mais.

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