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Críticas

Cineplayers

Narrativamente fraco, mas maravilhoso em suas cenas de ação. 300 é para sentir, e não para refletir.

7,0

Termópilas, 480 A.C. Trezentos espartanos, sob liderança do Rei Leônidas, enfrentam o monstruoso exército do Imperador-Deus Xerxes, em uma batalha que desencadeou a união de toda a Grécia contra as avançadas do império persa e que fincou as raízes do futuro ocidental.

É inacreditável que feito tão grandioso, imortalizado pelas escritas de Heródoto, não tenha sido explorado mais vezes pelo cinema. A última vez que Hollywood recontou essa história foi em 1962, em Os 300 de Esparta, sob o comando de Rudolph Maté. E a base para o material foi a aclamada graphic novel de Frank Miller, o mesmo responsável pelos quadrinhos de Sin City - A Cidade do Pecado, também já transposto para o cinema nas mãos de Robert Rodriguez e do próprio Miller.

A direção ficou a cargo de Zack Snyder, que surpreendeu o mundo do cinema com Madrugada dos Mortos, o delicioso remake de um clássico do terror do final da década de 1970. Snyder, admirador do trabalho de Miller, ousou na construção do longa: todo filmado em chroma key – em estúdio e sem cenários, que depois foram todos inseridos digitalmente – obtendo um resultado visual incrível e bastante fiel à fonte.

O problema maior de 300 é que o filme mostra-se mais interessado em apresentar sua história da forma mais espetacular possível em detrimento da profundidade. É cinemão dos bons, mas desagradará àqueles em busca de mais sustância e correção histórica. É um filme para ser sentido, não abre muito espaço para a reflexão, e por isso mesmo é logo descartado da memória depois de suas quase duas horas de projeção. E que duas horas! Ação contínua, elaborado jogo de câmeras, montagem frenética, música exagerada (o heavy metal que toca em certa passagem é um achado!), design de produção homoerótico e fotografia cheia de filtros e efeitos dão o tom. 

A inserção da narrativa secundária envolvendo as relações palacianas entre a Rainha Gorgo e Theron é, talvez, o maior senão do longa. Obviamente inserida para maior contextualização da história e aproveitar certos ingredientes da fórmula norte-americana de fazer cinema, essa narrativa acaba por quebrar muitas vezes o ritmo tão bem engendrado da narrativa-mestre. Outro revés é nos excessos de caracterização de certos personagens, inclusive na composição de Xerxes – papel que coube ao brasileiro Rodrigo Santoro, de estatura e voz modificados digitalmente.

Mas o relato de sacrifício, honra e coragem dos trezentos homens que marcaram a história, nessa “embalagem pop para iniciantes”, ficará marcada na memória daqueles que não a conheciam. Já é um belo feito.

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