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Críticas

Cineplayers

A tentativa de criar uma nova franquia de fição científica de ação QUASE dá certo para Vin Diesel.

6,0

Depois do razoável sucesso de Eclipse Mortal, pequeno filme “B” de ficção cientifica e ação estrelando Vin Diesel em 2000, a sua personagem subiu à cabeça do ator, e a partir dela o novo astro de ação de Hollywood (mas que ainda precisa se firmar nesse posto) quis criar toda uma mitologia por trás, inspirado por trabalhos como Duna, O Senhor dos Anéis e Matrix. O filme tem elementos de cada uma dessas obras, mas também lembra o irregular (embora não tão terrível quanto muitos argumentam ser) A Reconquista, filme que detonou a carreira de John Travolta no ano 2000. A Batalha de Riddick é, sem dúvida, um filme pretensioso, criado desde o início para ser apenas a primeira parte de uma trilogia. Como teve atuação irregular nas bilheterias, e custou os olhos da cara de algum produtor (US$ 105 milhões), ainda não é certo que o filme realmente vá ganhar seqüências no futuro.

Os motivos do não-sucesso do filme são evidentes: ele é confuso em termos visuais e de roteiro. Com o objetivo de criar a tal mitologia, os roteiristas (sempre com o apoio do ator Vin Diesel, que apostou muito nesse projeto para tentar fazer dele algo respeitável e bom) encheram o filme de detalhes, centenas deles. Muitos que ficaram mal explicados e certamente seriam ou serão desenvolvidos nas outras partes da trilogia. Temos um número grande de planetas, cada um com características distintas; temos um número grande de raças, cada uma também com características distintas. Contra tudo e contra todos está o Lorde Supremo, que quer obter domínio total, convertendo ou matando os povos que se opõem a ele.

Riddick, um ser dotado de habilidades físicas sobre-humanas, apenas quer viver em paz, mas ninguém quer deixá-lo desse jeito, então ele acaba se metendo nessa guerra épica entre o Lorde Supremo e os outros povos sobreviventes quase que por acaso. É um roteiro aparentemente complexo, que dá margem para traições, batalhas gigantescas (embora na prática só vemos mesmo algumas lutas desordenadas entre exércitos), romances e, claro, frases de efeito. Você pode gostar ou não de tudo isso obviamente. Vai depender principalmente do seu preparo e gosto para consumir ficção cientifica de ação da mais pesada possível (isso não quer dizer necessariamente complexa, como a de Cidade das Sombras, por exemplo, apenas no sentido de muito detalhista).

Não é difícil considerar tudo o que se passa na tela “uma grande bobagem”, o filme sempre está no limite entre o aceitável (mesmo para o gênero, que tem muito de fantasia) e o ridículo. Certamente não é um gênero dos mais populares, e a longa duração do filme (apenas perto das duas horas na verdade, mas ele começa a ficar cansativo depois da metade) não ajuda muito a mudar esse quadro. O diretor é o mesmo de Eclipse Mortal e o que fez recentemente Submersos, terror a bordo de um submarino (o roteiro é sofrível, mas as cenas de suspense são muito boas). O clima do filme é escuro, pesado e feio, e lembra o já citado A Reconquista. Há milhares de efeitos especiais, razoavelmente convincentes (as tomadas dos grandes exércitos impressionam quase tanto quanto as de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, embora elas passem muito rapidamente pela tela, provavelmente por restrições orçamentárias).

Infelizmente, o trabalho do diretor durante todo o filme é bastante irregular. Todas as cenas de ação são confusas. Algumas são ridiculamente imbecis (desculpe a expressão), com o diretor fazendo tremer a câmera até não poder mais, enquanto Riddick se digladia com alguns inimigos – NADA há de se entender desta cena em particular. Alguns conceitos encontrados na Física dos planetas são absurdos, criados simplesmente para proporcionar alguns momentos de tensão. A cena em que Riddick deve fugir de uma tempestade de calor, correndo quase 30 quilômetros contra o nascer do Sol, claramente ri da inteligência do espectador, e quase estraga o clima de seriedade que a produção almeja. Mesmo assim, as cenas de luta (Vin Diesel em sua melhor forma física) são excitantes e divertidas, compensando tais forçadas no roteiro.

Se uma trilogia realmente acontecer, A Batalha de Riddick poderá ser visto no futuro com certo respeito (se mantiverem um nível adequado, obviamente), mas por si só não é um grande filme, apenas uma ficção razoavelmente divertida em alguns momentos, cansativa em outros, com cenas de ação bacanas e um personagem principal bem legal, mesmo que seja clichê até dizer chega. Riddick não e herói nem vilão, apenas quer sobreviver em um universo onde parece que todos vão contra ele, por motivos dos mais variados. Os outros personagens não são dignos de grande citação (mesmo o Lorde Supremo é o típico vilão inescrupuloso e vingativo, nada de novo nisso), e alguns estão lá só para atrapalhar (a mulher – Kyra – é uma tentativa de criar um romance com Riddick e é uma personagem extremamente mal encaixada no enredo, por exemplo). Não é um filme de grandes atuações, obviamente, e só recomendaria para quem curte realmente o gênero.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 23 de Novembro de 2013 - 13:38

Eclipse Mortal é muito melhor. Vin Diesel está intragável também, mas a história é bem mais interessasnte.

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