A Coisa pode ser definido por uma frase que você quase certamente já ouviu alguém dizer: "é tão ruim, mas tão ruim, que acaba sendo bom". Este é um pequeno clássico trash dos anos 1980, quando os filmes de terror estavam em moda, quando Halloween, Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo já eram séries cinematográficas bem definidas na cabeça da audiência. Larry Cohen é um sujeito que costuma dirigir filmes trash desse estilo, e aqui ele estrapolava os limites do terror para entrar no campo da comédia não-proposital.

A estrela do filme é uma substância que se parece com iogurte ou sorvete, de origem desconhecida (embora brote do subsolo, há muitos que dizem que é alienígena, mas nada prova ou demonstra isso no filme) e que tem um sabor delicioso, viciante (obviamente a Coca-Cola é citada para fazer uma perfeita analogia), mas que come a pessoa pelas entranhas - não antes de transformá-las em uma espécie de zumbi. A história não faz muito sentido e possui um monte de furos e muitas forçadas de barra, porém não mais do que em qualquer filme das séries de terror citadas acima. O ato final, quando um maluco do exército entra para combater a companhia que industrializa A Coisa, serve para selar um dos piores roteiros da história do cinema ao mesmo tempo que fecha também com chave de ouro a galeria de aberrações que podemos ver ao longo da projeção.

Os efeitos especiais fazem os grandes momentos do filme. Declaradamente mal executados, são grotescos e por isso divertem. Quando a substância começa a sair pela boca das pessoas (e até dos animais) é o momento de decidir se você vai gostar ou não do filme. O pré-requisito é ser amante, ou pelo menos apreciador, de um bom trash. As cenas utilizando efeitos mecânicos (uma cena com a Coisa subindo pelas paredes foi filmada em um quarto real virado) e um monte de meleca de verdade, em conjunto com o péssimo roteiro e atuações ainda piores formam uma combinação quase hipnótica para quem curte o gênero.

Não há muito mais o que falar. Hoje filmes como esse são lançados diretamente nas vídeo-locadoras, com nomes pouco apreciativos e embalagens nada empolgantes. Os efeitos computadorizados que substituíram os efeitos mecânicos e reais como os existentes nesse filme também tiraram bastante do que poderiam ter de "brilho" nessas novas produções trash. A Coisa passava muito na televisão aberta nos anos 1980, e muita gente que conhece cinema desde lá certamente já ouviu falar do filme. É uma recomendação totalmente arriscada, somente os amantes desse "sub-sub-sub-gênero" poderão apreciar uma obra desse tipo. Como cinema, é horroroso. Como diversão, é bastante decente.