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Críticas

Cineplayers

Cumpre o papel de divertir, porém às custas de um roteiro muito mal amarrado e americanismos detestáveis.

4,0

Segundo filme da série sobre o caçador de tesouros Ben Gates - e que muitos teimam em comparar às aventuras do clássico Indiana Jones - traz Nicholas Cage num papel leve e divertido como devem ser os personagens de filmes de entretenimento família. Nem por isso há que se questionar o talento do ator que demonstra o carisma necessário ao personagem. Nesse novo filme, Gates aparece enrolado por pequenas catástrofes pessoais: a divisão dos bens com sua agora ex-esposa Abigail (Diane Kruger) e uma descoberta que transforma seu bisavô no possível assassino de Abraham Lincoln, o que prejudica a imagem da família Gates perante aquilo que eles mais amam: a ciência histórica.

Na busca pela inocência de seu biso, o caçador precisará realizar duas importantes façanhas logo de início: ter acesso à Mesa do Resoluto da Rainha Elisabeth e à outra mesa idêntica que pertence ao salão oval da Casa Branca. Aqui a coisa começa a se tornar muito rebuscada e fica difícil compreender todas as conexões que ligam as pistas que Ben e seu escudeiro Riley Poole (Justin Bartha) vão encontrando pelo caminho.

Falemos sério agora e isso pode ser uma grande besteira, mas recebi um papel que me decreta historiadora, e entrei nessa – acreditem e riam se quiserem – por causa do Indiana Jones. Meu sonho era ser arqueóloga e tal. E a coisa - definitivamente - não rola como em A Lenda do Tesouro. As pistas todas se ligam por questões muito frágeis e... buenas, é só um filme, não? No entanto isso prejudica a trama, pois não conseguimos acompanhar o raciocínio. Mas os momentos de aventura física, como a perseguição de carros pelas ruelas de Londres, dão gás à história e conseguem atrair novamente a atenção do espectador.

Após muitas confusões, vemos interligadas as duas Mesas do Resoluto, um livro escrito por Poole (que Ben sequer tinha lido, demonstrando a importância que ele dá ao companheiro), a mãe de Gates (interpretada por Helen Mirren), um caçador de tesouros que parece ser do mal (interpretado por Ed Harris), e uma pista para a descoberta da Cidade de Ouro, uma das lendas mais antigas herdada por nós das culturas pré-colombianas. Tudo isso e mais uma lenda moderna norte-americana: a existência do Livro dos Segredos que é repassado de presidente a presidente e segundo consta contém informações sobre a Área 51 e outros grandes mistérios desse país chamado USA.

Falando ainda desse país, destaque negativo do filme é o discurso sobre a idoneidade do presidente norte-americano, aquele que deve ser o mais altruísta dos homens, aquele que tem o caráter e a moral necessários para guiar as ovelhinhas no caminho à terra prometida. Isso foge tanto à realidade que foi impossível não acompanhar as gargalhadas que ecoaram na sala.

No entanto o filme cumpre o objetivo ao qual se propõe, entretendo e fazendo rir, ainda por cima nos tornando cúmplices do personagem de Cage, por quem acabamos torcendo apesar de todas as confusões que cria. Quanto a ser melhor (ou pior) do que a série Indiana Jones... bom, para ser melhor que Jones faltou a mão da dupla Spielberg–Lucas, que são ícones indiscutíveis deles mesmos.

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