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Críticas

Cineplayers

Uma sequência totalmente dispensável, que não sabe bem para o que veio.

3,5

Era de se esperar uma continuação rápida e rasteira devido ao grande sucesso do divertido A Máscara do Zorro, do longínquo ano de 98. Eis que surge esse A Lenda do Zorro sete anos depois, o que não se pode chamar propriamente de rápida. Mas de rasteira...

Quase toda a equipe do filme anterior está de volta, desde o diretor, passando pelos protagonistas (exceto Anthony Hopkins, por motivos óbvios para quem assistiu ao original) até o diretor de fotografia. Portanto, era de se esperar que mantivesse ao menos o pique do filme original. Mero engano. Essa continuação carece de frescor, de originalidade e de ritmo.

Passaram-se dez anos desde os acontecimentos narrados no filme anterior. Alejandro (Antonio Banderas, com o cabelo estranho, uma espécie de "chapinha") continuou sua vida entre a dedicação à família e o combate aos criminosos sob o uniforme do seu alter ego, o mascarado Zorro. O filme já começa em ritmo total, com ele recuperando uma urna onde estão depositados os votos da população local a respeito da integração da Califórnia como trigésimo primeiro estado da América das mãos de um bandido caricato (Nick Chinlund). Essa cena dá margem para uma profusão de cenas de ação mirabolantes, muitíssimo bem coreografadas, que dão a entender que um bom filme está por vir.

Mero engano, pois logo depois o filme desanda. Alejandro acaba se separando da esposa Elena (Catherine Zeta-Jones, pior fotografada que de costume, mas com o charme irretocável), já que esta quer que ele se dedique mais a ela e ao filho (o menino Adrian Alonso), que não sabe a identidade secreta do pai, e quer que ele desista definitivamente de encarnar o herói para se tornar uma pessoa comum. Só que ele se recusa ante o atual momento político do lugar e acaba saindo de casa. O filme vira então um melodrama cômico, com o protagonista se embebedando enquanto Elena se joga aos braços do rico Armand (Rufus Sewell, de Coração de Cavaleiro), líder de uma improvável seita que está planejando um terrível esquema para acabar com o sonho da população local em se unir aos Estados Unidos.

É curioso constatar que o roteiro mostra a população latina feliz e empolgada com a tal anexação do território, enquanto todo mundo sabe que eles acabaram sendo social e culturalmente massacrados pelos anglo-saxões. É a América novamente distorcendo fatos e situações históricas a favor do entretenimento - ou algo mais.

O roteiro mal resolvido e mal intencionado acaba ficando em segundo plano graças à eficiência do diretor Martin Campbell em criar boas sequências de ação com o mínimo uso de computação gráfica (a cargo da Weta, a mesma da trilogia O Senhor dos Anéis). O uso de técnicas digitais aumenta já perto do final do filme, quando algumas sequências mais improváveis surgem, mostrando o porquê do orçamento ter ultrapassado os oitenta milhões de dólares (que não devem ser retornados na bilheteria doméstica).

Mas só as cenas de ação não conseguem levantar um filme que  não se define entre a aventura e o drama familiar, que não consegue sequer aproveitar o carisma de seus protagonistas e que tem, como ponto alto, o pequeno Adrian Alonso roubando a cena como uma versão mirim do cansado herói.

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