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Críticas

Cineplayers

O primeiro filme da série A Pantera Cor-de-Rosa ainda é recomendado pelo seu humor delicioso e visual encantador.

7,0

Muitos podem não saber, mas a personagem Pantera Cor-de-Rosa nasceu justamente do sucesso deste filme estrelado por Peter Sellers e David Niven. Ela é vista na seqüência inicial do filme, e foi criada por Friz Freleng justamente para esse propósito. A partir do daí, ela adquiriu vida própria e, com a ajuda de seu tema musical ímpar, ganhou fama no mundo todo. O filme também não é nada mau. Inicialmente ele seria o primeiro de uma série de filmes sobre o Fantasma – ladrão que faz de tudo para roubar o maior diamante do mundo, o Pantera Cor-de-Rosa, das mãos da princesa Dala. Aconteceu que o personagem de Sellers, o atrapalhado inspetor Clouseau, foi tão querido pelo público que ele acabou tornando-se o centro das atenções neste e nos filmes subseqüentes da série.

Sellers é realmente o coração do filme. São dele as melhores cenas. Ele tem menos tempo na tela que David Niven – outra peça importantíssima e caricata para a história, mas muito mais comum por ser o estereótipo do bandido que com seu encanto conquista as mulheres. Sellers possui um humor físico de primeira qualidade. Mesmo que em algumas cenas fique repetitivo vê-lo esbarrando em portas, tropeçando em objetos e passando por outras situações afins, seu carisma natural para a comédia – suas expressões serenas e de bobo são impagáveis – acaba conquistando facilmente o espectador.

O roteiro bastante redondinho proporciona cenas que nos remetem aos clássicos irmãos Marx, como toda a seqüência de encontros e desencontros que ocorre no quarto do hotel, onde o Fantasma e seu sobrinho fazem de tudo para não serem vistos por Clouseau, e sua esposa (amante do Fantasma) tenta ajudar a acobertá-los. Não há muita lógica na cena toda, e possivelmente aí está seu charme. Há vários outros momentos assim durante o filme. Quando ele começa a esfriar, surge uma cena para provar e justificar a fama do trabalho do diretor Blake Edwards. O desfecho da cena do tribunal, perto do final, é um desses momentos inesquecíveis.

A Pantera Cor-de-Rosa também está recheado de talento que não seja o da dupla principal – mocinho e bandido. Claudia Cardinale preenche a tela com sua beleza clássica e, embora não sabia falar inglês (todas as suas falas foram dubladas na pós-produção), proporciona também bons momentos. E, claro, como em quase toda comédia visual, há uma tonelada de extras para servirem como vítimas ou espectadores de tantas outras piadas. A festa à fantasia no ato final demonstra um desses casos, onde a bagunça vista em tela atinge seu ápice, tudo para o deleite do espectador.

Tecnicamente esta é uma produção bem requintada. Principalmente as cenas em Cortina d'Ampezzo, na Itália. A paisagem lotada de neve (e muito bem fotografada) dá um valor imenso às cenas, proporcionando uma sensação de grandeza e liberdade que tornam o filme uma experiência ainda mais interessante. A trilha sonora tem como destaque a famosa música-tema da Pantera, tocada em vários momentos do filme, que preenche com perfeição muitas das cenas.

A seqüência deste filme, "A Shot in the Dark", foi lançada apenas três meses depois. Na realidade o filme já estava pronto quando A Pantera Cor-de-Rosa chegou aos cinemas, mas o resultado havia sido considerado insatisfatório pelo estúdio e o filme ficou na geladeira até que, devido ao sucesso deste, resolveu-se lançá-lo comercialmente. Hoje ele é considerado por muitos uma seqüência superior ao “original”. No final fica a certeza de que todos esses filmes proporcionam um humor inocente e sincero, de alta qualidade, e suas produções são bem elaboradas com elencos muito bons também. Não preciso dizer que são mais do que recomendados, certo?

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