Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Clichê ao extremo, esse fato é perdoado pela bela atuação de Will Smith e do guri que interpreta seu filho.

7,0

Em meio aos inúmeros clichês que você encontrará em À Procura da Felicidade, há uma mensagem simples, mas apaziguadora: a certeza de que, se você realmente estiver a fim de alcançar um sonho, tem tudo para conseguir, ou pelo menos chegar muito perto. O tal do sonho americano é possível com muita determinação, coragem, ousadia e, como não poderia deixar de ser, sorte. Chris, o personagem de Will Smith que o diga: roubado, sujo, abandonado, apertado, ele sempre se foca em seu único objetivo, conseguir dar um futuro bom a seu filho. É uma lição que deveria ser aprendida por todos e, por mais demagógica que possa parecer, é uma lição sincera e honesta.

É uma história inspirada por fatos reais, como a legenda no início faz questão que fiquemos sabendo, pois torna o filme muito mais forte dessa forma. Algumas passagens parecem por demais forçadas e alguns acontecimentos apropriados demais para que acreditemos nisso cegamente. Mas em meio a esses exageros hollywoodianos, sou obrigado a concordar que a força com que o diretor italiano Gabriele Muccino levou seu filme dá a ele um diferencial em meio a tanta pieguice no gênero que existe atualmente. Impulsionado por uma atuação feliz de Will Smith, cenas que seriam óbvias ou açucaradas demais na mão de muitos acabaram adquirindo realismo e força suficientes para tal diferencial acontecer.

Apesar de ter em seu elenco uma Thandie Newton interpretando um papel irritante e rápido demais (ela é simplesmente esquecida da metade do filme para frente), é pela relação pai e filho que o filme consegue manter um ritmo interessante, mesmo com a sua longa duração. O guri Jaden Smith, que interpreta o filho de Will Smith, surpreende com uma atuação que não distrai, o que foi algo fundamental para o sucesso do filme. Normalmente crianças muito novas podem estragar boas produções por conta de falta de experiência (ou falta de talento mesmo), mas aqui não foi o caso: Christopher é um rapaz típico de sua idade que encara com competência e sobretudo realismo as dificuldades encontradas pela complicada vida de seu pai.

Deixar o racismo de lado foi um outro ponto positivo do filme. Em nenhum momento a cor da pele do protagonista é citada ou mostrada como uma dificuldade extra. Seria algo óbvio demais, além do que racismo está mais do que fora de moda no cinema (apesar do clichê Crash ter vencido o Oscar) e foi bom não ter sido discutido aqui. A direção de Muccino é bastante competente, embora não apresente nenhum ponto realmente destacável senão a direção de atores – o que já é bom o suficiente.

O filme também é adorável pelo seu lado técnico. Dono de uma fotografia que mostra uma visão não tão sofisticada da bela San Francisco, À Procura da Felicidade surpreende por esse fato, ao mesmo tempo em que abre exceções para mostrar belas paisagens, como a bela tomada da Golden Gate a partir da praia, um dos momentos mais sutis do filme. A trilha sonora está presente de maneira a engrandecer os momentos mais ricos em emoções – e não são poucos – o que de certa forma pode ser considerado bem manipulativo, porém essa é a proposta do filme, e não há como criticar negativamente essa escolha pelo fato dele não depender da trilha para trazer força emocional. Ela só ajuda.

Os clichês são muitos. Há momentos em que você poderá achar absurda a falta de sorte de Chris em momentos cruciais. Perfeito para um drama no cinema, mas improvável na vida real. De positivo, o fato de que se você não conhecer o final do filme de antemão, não necessariamente vai conseguir prever se ele é bonito ou feio, pois Chris é um dos personagens mais castigados que Hollywood nos apresentou nos últimos anos. E ainda assim, independente de seu destino final, é um belo exemplo de perseverança e amor. Um bonito filme, bem acima da média e, portanto, perfeitamente recomendável.

Comentários (2)

Liliane Coelho | terça-feira, 06 de Dezembro de 2011 - 12:04

"Os clichês são muitos. Há momentos em que você poderá achar absurda a falta de sorte de Chris em momentos cruciais. Perfeito para um drama no cinema, mas improvável na vida real."
Deve ser por isso que gostei tanto do filme. Para as pessoas mais sortudas, com certeza nunca as coisas dão tanto errado, mas para as azaradas (como eu, muitas vezes) o pão sempre cai com a manteiga para baixo... Chris > Liliane 😐.

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 14:05

Esse tipo de filme dificilmente foge dos clichês, mas Will Smith está ótimo no filme, mostrando que, apesar de algumas escolhas erradas, é um ótimo ator.

Faça login para comentar.