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Críticas

Cineplayers

Não vai ser aclamado como os outros filmes de Tarantino, mas talvez seja sua obra mais sincera.

7,0

A segunda metade do projeto Grindhouse, dois filmes que homenageam o cinema-poeira, originalmente planejados para serem exibidos juntos e com trailers falsos mas que acabaram separados fora dos EUA após fracassar nas bilheterias. O outro realizado por Robert Rodriguez é um filme de terror podreira, já À Prova de Morte segue os moldes do exploitation, um dos fetiches do diretor Quentin Tarantino.

E de fetiches o filme está recheado, um desfile de closes nos pés, pernas e bundas de suas atrizes, com o perdão das regras do cinema trash que não se preocupa com bom-gosto ou sutilezas, Tarantino se diverte mas não deixa de incluir seus toques pessoais como longos diálogos, cheios de referências obscuras e pontuados por pérolas musicais antigas, ele também não resiste a fazer várias referências a si mesmo que escorregam na auto-indulgência.

Stuntman Mike (Kurt Russel, ótimo e canastrão como sempre), é um dublê psicótico que usa um velho HotRod para matar mulheres, mas como todo bom monstro ele só aparece em poucas cenas, suas vítimas ocupam a maior parte da duração do filme e as garotas de Tarantino são todas sensuais e duronas, falam muito de homem, sexo e filmes, com uso frequente de palavrões, mas é notável a preocupação do diretor em escrever os seus diálogos como se fossem realmente ditos por mulheres e ele se sai bem com a ajuda de um bom elenco de atrizes. Há de se frustrar porém, pelo fato dos diálogos não acrescentarem quase nada à história, servindo de exposição para os personagens mas se extendendo bem mais do que o necessário.

Kill Bill já era uma espécie de filme grindhouse modernizado, inclusive esse aqui compartilha a mesma vinheta "our feature presentation" antes de começar, mas em À Prova de Morte ele acabou por se aproximar mais ainda do espírito desses filmes com um trabalho mais despretencioso e barato, o próprio Tarantino foi o diretor de fotografia e adicionou sujeiras e erros de montagem para deixar a coisa toda mais tosca ainda, além da sua câmera namorar com cada curva das suas mulheres.

Além dos diálogos irrelevantes que ocupam boa parte do filme, quando a ação engrena ele não decepciona, temos parte um sanguinolento filme de terror e parte road movie, essa segunda parte aliás é bem mais interessante e empolgante, com uma curiosidade que é a participação da dublê de Uma Thurman em Kill Bill, Zoe Bell, interpretando a si mesma e realizando uma perigosa manobra que deixou a platéia sem fôlego. Outra referência curiosa é a aparição do mesmo xerife boca suja texano de Um Drinque no Inferno e Kill Bill, colando as duas partes. Essa versão separada contém cenas adicionais, uma pequena compensação pela descaracterização do projeto, a melhor adição é sem dúvida o excitante lap-dance de Vanessa Ferlito em Kurt Russel.

Barulhento, grosseiro, divertido e sexy, À Prova de Morte resultou em um trabalho menor no portfolio do diretor mas deve ser encarado como uma descompromissada obra trash e é bem sucedida nas suas intenções.

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