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Críticas

Cineplayers

Um dos melhores e mais importantes filmes sobre a Segunda Guerra Mundial.

10,0

A Queda é um dos melhores filmes de 2005 e um dos mais importantes já feitos sobre a Segunda Guerra Mundial. Após assistir a vários produzidos na Hollywood judaica americana, eu sempre me perguntava quando apareceria uma versão relatando o que aconteceu do outro lado. Eis que surge A Queda (Der Untergang), cujo enfoque são os últimos dias de Hitler enquanto esconde-se no Bunker vendo seu império desmoronar.

Apesar do que os protestos afirmavam, o filme não pinta um quadro positivo de Hitler ou do nazismo, mas tenta humanizá-lo para que possamos entender melhor quem foi esse homem e como levou uma nação como a Alemanha a apoiar uma das maiores tragédias da história.  Para isso ele abre apresentando sua protagonista e narradora, a secretária Traudl Junge, em sua primeira entrevista com o Fueher. A cena é magistralmente dirigida e escrita, com um suspense crescente para revelar Hitler e servindo como introdução aos diversos temas apresentados, Traudl é uma jovem inocente como muitas outras alemãs e Hitler é seu ídolo. Ao surgir das sombras a figura sorumbática e um tanto vulnerável, notamos sua mão trêmula que já é um sinal do Mal de Parkinson que o afligia, em seguida ele brinca com seu cachorro e faz a moça se sentir confortável, derrubando a noção pré-concebida de monstro e já revelando um interesse dos realizadores do filme em humanizá-lo, porém ao ditar a carta para ela suas palavras são carregadas de anti-semitismo e vemos que, por trás desse homem pouco impressionante, está a mente responsável por idéias que levaram à morte de milhões de pessoas e que ainda hoje nos assombra.

Depois desse início perfeito, o filme mantém o clima de crescente tensão e, apesar de seus longos 156 minutos não serem fáceis, definitivamente não serão esquecidos. Há de se notar o tom semi-didático escolhido pelo diretor Oliver Hirschbiegel, ao não utilizar widescreen e fotografia filtrada, ele evita assim criar uma glamourização da guerra, usar violência pelo espetáculo, mesmo parecendo ter tido recursos para tal. O resultado é eficiente e incômodo fazendo a claustrofobia da vida no Bunker quase palpável.  Uma trama paralela envolvendo alguns dos habitantes de Berlim, principalmente as crianças lutando pelo Fueher, poderia ser retirada para se obter um filme mais enxuto, porém assim além de perdermos um elemento chave que é uma amostra da histeria coletiva da nação, comentada pela verdadeira Junge numa entrevista no fim do filme, isso confinaria demais a trama no Bunker e ameaçaria tornar o filme muito mais cansativo, na minha opinião.

As atuações em geral são ótimas, mas sem dúvida Bruno Ganz como Hitler vai se tornar uma referência. Ele incorpora não apenas trejeitos mas consegue hipnotizar a platéia com a complexidade de sua atuação, cujo alcance vai desde sutis momentos com seus amigos e sua mulher às explosões de ira com seus comandados, o filme explora bastante o psicológico dos personagens, como reagem de diferentes maneiras ao ver seu mundo ruir. E isso não se restringe apenas ao Bunker, mas aos habitantes de Berlim e aos soldados, de certa forma também à platéia. Difícil ficar indiferente.

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