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Críticas

Cineplayers

Um fim irrisório, condizente à sua grandeza.

4,0

Chega ao fim uma franquia rentável que causou polêmica, expurgou lágrimas de fãs e foi duramente criticada nos últimos anos pela nova mitologia sobre vampiros criada pela escritora Stephenie Meyer. Muita coisa mudou desde o lançamento de Crepúsculo (Twilight, 2008): tecnicamente a saga cresceu, fundamentalmente também, ainda que pouco, e nessa segunda parte de Amanhecer atingiu sua maturidade – narrativa e também sexual. Algo curioso, pensando no universo dos sanguessugas. Entre todos os outros, esse também é o que mais tem algo a dizer, ao contrário do vazio efêmero anteriormente dominante. Os personagens não mudaram tanto, quero dizer, de sentido. Há outras maturações importantes, como a sofrida por sua protagonista, Bella Swan, que agora é uma vampira.

Seu início, a partir dos créditos, parece nos lançar ao final dos anos 80, em algum filme do Jason ou do brinquedo assassino Chuck. O organismo de Bella (Kristen Stewart) está mudando, seu corpo mortal se converte num de vampiro com toda sua glória: imortal, beleza conservada, força e velocidade, sentidos apurados e sede quase incontrolável por prazeres carnais. Com tudo isso vem um problema: o desejo por sangue. Isso já é um argumento para se explorar, o início do filme até busca isso, porém logo abandona, abafa, simplesmente procurando fazer o espectador engolir uma desculpa qualquer para a adaptação breve de Bella. Insinuações amorosas, portanto, são retomadas.

 Entre essas, as falácias românticas com Edward Cullen (Robert Pattinson) e o conceito de imprinting de Jacob (Taylor Lautner) pela filha do casal vampiro, a pequena Renesmee (Mackenzie Foy). A criança cresce impressionantemente, algo que vitimou a personagem de Stewart quando essa a carregava no ventre.
Bill Condon retoma a direção. Ele dispõe de closes, abarca uma narrativa dinâmica e constitui cenas que fariam Paul W.S. Anderson ou Zac Snyder espreitar com deboche, além de investir virtuosamente em humor, com predisposição a gags, como na cena em que Jacob busca explicar algo para o pai da protagonista, o policial Charlie (Billy Burke). Ele ainda reveste o filme com violência sem tanto sangue por motivos óbvios, mas suficiente para chamar a atenção, afinal, nos lembramos do público o qual o filme é direcionado e questionamos a censura. Logo a dúvida passa. O pica-pau, por exemplo, faz coisas piores. Em cena, sobram tomadas que buscam um visual bonito, especialmente quando relacionado ao romance do casal. Apenas consegue ser kitsch. E quanto à cena de sexo, esta é terrivelmente elaborada e inspirada. Uma das piores representando vampiros transando. 

Nesse filme de atores – a importância de Pattinson, Stewart e o quase incapaz de se expressar Lautner parece ser maior que seus rasos personagens –, a narrativa tem pouca relevância. É um longa dedicado aos fãs, e cumpre isso bem. Desconheço completamente o que a obra literária traz, mas o roteiro de Melissa Rosenberg parece não acreditar no poder de discernimento e atenção de seu público. Quer explicar tudo, não conseguindo trabalhar com sugestões, iludindo com bonita fotografia, boa trilha e esclarecimentos de detalhes. Em certo momento, Edward diz que subestimou Bella, que não acreditava que ela passaria ilesa por tudo. Tal indagação pode se aplicar aos espectadores, já que os realizadores do filme o subestimam o tempo inteiro, todavia passar pela experiência de assistir e compreender é fácil. O custo é saber que há coisas melhores em cartaz e nem todas entram no circuito comercial de várias cidades. 

Alguns vampiros, já que não há outro nome para defini-los – afinal, fadas virou clichê e batido – tem poderes especiais, nomeados como dons, se aproximando da idéia de X-men. Tem até recrutamento, como o professor Xavier realiza, com o intuito de reunir testemunhas que possam provar que a menina Renesmee é filha de Bella e Edward, e não uma criança transformada, algo que é considerado um crime. O rápido crescimento da garota é feito em computação gráfica, constrangedor. Há outros efeitos especiais, como uma corrida na floresta que é particularmente risível.

Uma série de acontecimentos, engajamentos e discussões finalmente nos leva ao ato final. Esse sim é empolgante, não pela composição, já que é usual, porém pela ousadia e criatividade. É preciso reconhecer. A beleza plástica desse ato, uma batalha num solo frio é de notável arrojo técnico, com a violência preponderando entre vampiros e lobisomens, frente aos Volturi liderados por Aro (Michael Sheen, o melhor em cena, claramente se divertindo com seu papel) vindo dizimar a família Cullen graças a um mal entendido, o qual seria ridículo lembrar aqui. Dakota Fanning novamente dá as caras, sem muito a dizer, a não ser um quase inaudível “pain”. Esse ato bem realizado poderia fechar a franquia com dignidade e surpresa positiva, só que não. Nova reviravolta e... volta a ser a saga Crepúsculo. Felizmente está terminada.

Comentários (22)

mateus souza junqueira enout | domingo, 25 de Novembro de 2012 - 18:45

com certeza o pior filme da ''saga''; nem mesmo as poucas boas cenas de ação conseguem salva-lo.

Rodrigo Barbosa | quarta-feira, 28 de Novembro de 2012 - 10:47

Os efeitos são constrangedores mesmo. A corrida na floresta quase me fez sair do cinema. Concordo também no tocante às cenas "de ação". São o ponto mais alto do filme. Mesmo que isso lá não represente muita coisa já que a obra todai é patética.

Wellington Pinheiro Silva | segunda-feira, 22 de Abril de 2013 - 17:10

Josiane K deu 6.0! Acho que ela bateu a cabeça...😏 kkkk' Esse de longe é o mais insuportável, se não fosse por algumas "cenas de ação" como o Rodrigo Barbosa abaixo citou, isso teria sido uma bomba ainda maior!
6.0! Tsc, Tsc...😏

Vinícius Oliveira | sexta-feira, 07 de Junho de 2013 - 02:50

Se você parar pra pensar que malhação, programa da rede globo com adolescentes irritantes se envolvendo amorosamente está no ar a vários anos, fica fácil entender como uma franquia tão fraca como a SAGA CREPÚSCULO, consegue ser tão badalada, pelo menos por fãs, já que pela crítica, foi finalizada como em uma luta de MMA. Atores risíveis, cuja única qualidade talvez seja a beleza, aliada a uma direção pobre só poderia produzir uma série de filmes bem ruins e abaixo da crítica. Difícil é acreditar que já se foram 5 filmes dessa detestável história de amor vampiresca. Vampiros que brilham no sol, poderíamos ter ficado sem essa!!!

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