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Críticas

Cineplayers

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3,0

É difícil se deparar com um suspense ou terror recente que proporcione algo além de alguns sustos e que possua algum indício de inteligência em seu roteiro, ou se destaque por outro motivo em específico. Alma Perdida, infelizmente, faz número à infinidade de exemplos que poderiam ser citados de filmes do gênero que lotam prateleiras de locadoras e divertem jovens sedentos por filmes descerebrados e sem conteúdo.

Na premissa, que poderia gerar um filme no mínimo interessante, somos apresentados à Casey, bela jovem que passa a ser atormentada por visões constantes de um menino. Ao buscar ajuda, descobre alguns segredos sobre ela própria, e que o garoto é um espírito que ronda sua família há muito tempo, desde que possuiu seu tio-avô em Auschwitz, um dos campos de concentração existentes na Alemanha nazista.

Com o desenvolvimento da trama de David S. Goyer, um dos responsáveis pelos roteiros de Batman Begins e Batman - O Cavaleiro das Trevas, e culpado por Blade Trinity, se presencia praticamente todo o arsenal de artifícios do subgênero de filmes com espíritos. A maldição que atormenta a mocinha, o livro em uma língua antiga com a possível solução para seu problema, os personagens secundários que aparecem para ajudá-la e explicá-la didaticamente – e ao espectador – o que a está atormentando, os vultos no espelho, dentre várias outras situações. Não se pode deixar de citar também a trilha sonora do filme, que se faz notar apenas nos momentos onde é elevada repentinamente para impressionar quem assiste ao filme. Mas, se tratando de Alma Perdida, as cenas que seriam tensas e poderiam realmente assustar são tão previsíveis que nem isso acontece.

E a estupidez de Goyer como realizador pode ser comparada ao pequeno espírito que pontua toda a história e que se faz presente a cada cinco minutos em tela. Goyer já começa pecando pela falta de originalidade, quando inicia seu filme dentro de um sonho. O aspecto etéreo e azulado, que poderia sumir ao término do prólogo, felizmente permanece, o que é um ponto positivo da produção e mérito da direção de fotografia de James Hawkinson, que havia trabalhado até então em clipes e séries televisivas. Mas, ainda sobre o trabalho de Goyer, o diretor aparentemente tem uma fixação por passear com sua câmera a cada nova cena pelo local onde a ação acontecerá. Ou ele é apaixonado pela arquitetura das locações utilizadas, ou acredita piamente que a ambientação deve ser repetidamente evidenciada, e o faz com planos totalmente anticlímax e gratuitos de espaços apresentados com certo didatismo.

Mas a limitação presente em Alma Perdida, mesmo que em grande parte represente o esforço – ou a ausência dele - com que o diretor e roteirista realizou seu trabalho, reflete também nas atuações mecânicas de seu elenco, que é encabeçado por Odette Yustman, atriz que esteve recentemente em Cloverfield - Monstro e que como intérprete apresenta apenas um belo corpo, que é quase tão explorado em tela quanto seu rosto. Assim também acontece com seu parceiro de cena Cam Gigandet, que está no filme apenas para protagonizar uma cena de sexo descartável e andar pelo cenário sem camisa. Mal aproveitados ainda são Carla Gugino e Gary Oldman, bons atores que mal aparecem na produção e que, quando o fazem, passam despercebidos. Oldman inclusive soa risível em alguns momentos como uma espécie de Padre Merrin mais jovem, papel de Max von Sydow em O Exorcista, principalmente quando confronta uma espécie de cachorro em uma igreja.

Em suma, Alma Perdida colabora com a tristeza de qualquer cinéfilo que ainda espera ver algo de válido e diferente no cinema comercial norte-americano. O filme marca alguns pontos com alguns efeitos visuais competentes, mas acaba servindo apenas para com que se questione a participação de David S. Goyer nos dois últimos filmes da série Batman, pois ficamos a imaginar em que colaborou um realizador que se apresenta tão limitado em projetos tão superiores. Interessante seria ver Alma Perdida em mãos criativas como às dos irmãos Christopher e Jonathan Nolan.

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