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Críticas

Cineplayers

Uma boa idéia desperdiçada em meio à opções fáceis de roteiro. Uma pena.

4,0

Todos sabemos que está na moda essa onda de filmes 'Terror Teen' e isso não é de hoje. Desde que Pânico pintou nos cinemas em 1997, uma série de filmes no mesmo estilo (onde quanto mais mortes e sangue melhor) surgiu de todos os lados para saciar essa nova febre juvenil de filmes de terror. Alucinação suga muitos elementos desse tipo de filme, mas tem uma premissa diferente. Aqui o filme não se concentra em uma série de mortes para o espectador descobrir quem está cometendo os crimes, e sim tem uma premissa que mistura um grupo de jovens em um enredo e clima que sugam o que podem de clássicos como O Sexto Sentido e Os Outros. Ou seja, ele arrisca algo novo no mercado, misturando dois tipos de filmes que tem faturado boas cifras para os cofres das produtoras.

Só que essa boa idéia (pelo menos para ganhar alguns milhões) foi desperdiçada com um enredo que não assusta, é fraco e, o pior de tudo, previsível! Para começar, o filme falha em diversos pontos onde quer mostrar o que é realidade e o que é alucinação. Tudo bem, isso pode até ter sido proposital, para termos a mesma sensação que a protagonista, mas também não quer dizer que seja bom de se ver. As atuações até que são boas, mas há alguns personagens simplesmente inúteis, que não servem de nada para a história, perdidos ali somente para assustar as pessoas. E, para finalizar, há alguns acontecimentos que simplesmente não tem explicação! Eu sei que é difícil explicar algo sobrenatural (na verdade, não há explicação), mas geralmente tudo o que acontece está ligado ao enredo principal. Aqui há umas boas ligações (como a menina que limpa o sapato sujo de sangue), mas há outras simplesmente sem nexo (por que aquela cena em que o sangue sai do ralo do chuveiro?).

O filme conta a história de Cassie (Melissa Sagemiller, de Get it Over), uma jovem que está para se mudar para a faculdade e se separar de sua turma. Ela namora um outro jovem, o bonito e apaixonado Sean (Casey Affleck, irmão mais novo do astro Ben Affleck), e decidem ir a uma festa meio gótica com sua melhor amiga Annabel (Eliza Dushku, de True Lies) e seu namorado Matt (Wes Bentley, do maravilhoso Beleza Americana) para curtir os últimos momentos juntos. Só que nessa festa descobrimos que Cassie e Matt são ex-namorados, e Sean vê os dois se beijando como uma despedida. Isso só poderia significar uma coisa: fim de festa para os amigos. Na volta para casa um terrível acidente acontece e é aí que o filme realmente começa.

Cassie começa a sofrer diversas alucinações com o seu ex Sean e a ser perseguida pelos integrantes do outro carro envolvido no acidente. Sem saber o que é real e o que é parte da sua imaginação, a trama tenta prender o espectador com sustos clichês (como som alto, que já está mais do que passado), mas isso não quer dizer que consiga transferir medo. Chega a assustar, mas não interfere psicologicamente em ninguém. Para não dizer que o filme inteiro é banal, há uma cena excelente, que fará você se prender na cadeira em que estiver assistindo: em que o médico diz que terá que perfurar um pedaço do crânio de Cassie. Aquela sim foi uma cena excelente, deu nervoso, tensão, angústia, tudo o que um bom filme de suspense deve conter. Pena que foi apenas nessa cena.

A parte artística sim é boa. Aliás, hoje em dia é realmente difícil encontrar um filme que não consiga ter um bom apelo visual. Claro que o dinheiro ajuda muito, mas Alucinação custou apenas 14 milhões (e quase não conseguiu se pagar) e, mesmo assim, tem uma ambientação muito boa, pena que mal aproveitada. Agora alguns aspectos técnicos, como o acidente... Bom, melhor nem comentar senão vão achar que é implicância.

Chegando com um ano de atraso ao Brasil (o filme tem produção assinada em 2001), Alucinação não conseguiu ter sucesso no que tentou fazer. É um filme bem fraco, perdido e que não conseguiu traçar uma identidade própria. É uma pena, pois uma boa idéia foi desperdiçada e que, com certeza, acabará sendo aproveitada por um outro cineasta de plantão. Vale uma alugada caso você seja muito fã do gênero. Incluindo-se nisso, curtirá pelo menos a metade do filme, onde tudo depois fica muito óbvio. Se não gostar do gênero passe longe, porque além de haverem diversas outras melhores opções na prateleira das locadoras, o filme é bem ruim mesmo.

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