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Críticas

Cineplayers

Um filme lamentável em todos os sentidos. Wes Craven chega ao fundo do poço.

1,0

Wes Craven e Kevin Williamson retornam às telonas com a mesma fórmula que os levaram ao sucesso, em 1996, com o precursor da onda de horror teen Pânico. Desta vez, ao invés de um serial killer, um terrível lobisomem que, sem qualquer precedente em Hollywood, começa a fazer vítimas. Mas as diferenças não páram por aí. É impressionante o quanto o diretor e o roteirista se auto-plagiaram para criar uma obra menor, repetitiva, sem sal, clichê ao extremo e que tenta sugar até o tom de paródia do filme anterior, que fez o mascarado explodir tanto entre jovens quanto entre os mais entendidos do assunto.

Ellie (Christina Ricci) é uma jovem e talentosa publicitária, bem empregada e que namora um bonito e cobiçado dono de uma boate (Joshua Jackson, o eterno Pacey de Dawson’s Creek). Ela também toma conta de seu irmão mais jovem, Jimmy (Jesse Eisenberg, de A Vila), um grande perdedor entre os demais colegas do colégio. Quando ambos estão retornando para casa, após uma noite difícil, sofrem um acidente na famosa Mulholland Dr. (que faria o mestre David Lynch chorar) e acabam mordidos por um lobisomem. Para quebrarem a maldição e evitarem que se tornem um monstro da espécie, Ellie e Jimmy devem encontrar e matar o lobisomem responsável por seu tormento.

Christina Ricci, uma atriz de talento comprovado, mostra que não tem pinta nenhuma para o suspense e, quando não está passiva aos acontecimentos, fica fazendo umas caretas horrorosas. É impressionante também que ela embarque em produções como estas, mesmo depois de ter trabalhado com diretores como Woody Allen e em filmes conceituados, como o recente Monster – Desejo Assassino. Joshua Jackson é um ator que sempre admirei, tanto pelo já seriado como por outros trabalhos no cinema, como Sociedade Secreta, mas é bem fácil entender sua participação nesta tragédia, já que Williamson é também o criador da série Dawson’s Creek. Do elenco principal, quem se sai melhor é o jovem Jesse Eisenberg, que mantém uma constante em seu personagem, sempre pelo lado cômico da situação.

O roteiro não se decide se mantém a linha da seridade, como no primeiro ataque do monstro ou no ridículo tom da seqüência final, ou se escracha de vez para o lado da comédia, como quando Ricci faz o mostrengo aparecer na boate, incluindo sua reação com o dedo. Claro que essa indecisão é ajudada pelo roteiro horroroso e que parece, a cada momento, tentar surpreender o público. Há diversos personagens inúteis à história, que morrem por uma lógica que rapidamente é contra-dita pela segunda conclusão da trama. Chega a haver uma incômoda sensação de que eles estão lá simplesmente para fazer número, confundir a cabeça do público quanto ao culpado e para, simplesmente, morrerem quando desnecessários.

A direção erra feio ao traçar os famosos sustos clichês ao invés de direcionar melhor as mortes dos personagens. Em Pânico, além de sabermos quem está morrendo, os atos são muito mais engenhosos e, conseqüentemente, divertidos. Aqui, quando o monstro aparece, é para ser ridicularizado. Ou pelos planos, que não mostram direito o que ele está fazendo, ou então pelas situações, que tentam forçar desnecessárias risadas. Para selar o caixão com chave de ouro, o filme erra em mais dois pontos graves, que considero ridículos até para filmes de horror teen: o sonho e a confissão do vilão.

Ambas as técnicas são usadas para dizer o que a história precisa, quando o autor não encontra maneira melhor de fazê-lo. Não sei como explicar tal coisa? Simples! Coloca-se um sonho explicando. Se estamos no final do filme e ainda não consegui passar minha mensagem, mais simples ainda, é só fazer o vilão confessar todo o seu plano maligno antes de morrer. Isso é simplesmente ridículo. A Internet também deve ser citada, porque se tornou um elo ridículo entre dois pontos de roteiro teoricamente soltos. O sujeito vai lá, faz uma pesquisinha rasa de quinze minutos e já encontra tudo o que deseja. Cinema é linguagem, comunicação, e é simplesmente deplorável que recursos como estes sejam usados cada vez mais pelos ‘novos’ talentos por aí.

Até a sensação ao final é ambígua: você não saberá se ri ou se chora pelo seu precioso dinheiro gasto há uma hora e meia atrás.

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