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Críticas

Cineplayers

Thriller pouco original que diverte durante seus 90 minutos, mas torna-se esquecível com o subir dos créditos finais.

6,0

É inegável que Hollywood parece ter um fraco por histórias de personagens desmemoriados. Essa questão já passeou por diversos gêneros ao longo dos anos, seja na animação Procurando Nemo, na comédia romântica Como Se Fosse a Primeira Vez, na ficção científica O Vingador do Futuro ou no thriller Amnésia, que é onde Antes de Dormir melhor se aproxima.

Baseado no romance de S.J. Watson, Antes de Dormir já começa mostrando Christine (Nicole Kidman) acordando confusa e atordoada em uma cama ao lado de um homem. Logo descobrimos que o tal homem é Ben (Colin Firth), marido de Christine e que finalmente nos revela a grande questão: Christine sofreu um acidente há alguns anos que, após cada noite de sono, faz com que suas memórias recentes sejam completamente apagadas, fazendo sua mente voltar aos seus vinte anos. Visivelmente cansado, mas dedicado a auxiliar a esposa com seu problema, Ben sai todos os dias para trabalhar, e é quando Nicole recebe uma estranha ligação de um homem Dr. Nasch (Mark Strong), um terapeuta que começa a se encontrar às escondidas com Nicole e que lhe revela a existência de uma câmera digital na qual Nicole, nos últimos dias, vinha gravando vídeos diários sobre sua rotina e os acontecimentos ao seu redor. Por meio de seus depoimentos gravados, Nicole começa a criar desconfianças tanto sobre a verdadeira integridade de seu marido quanto daqueles que lhe oferecem ajuda com seu problema.

Tendo como principal atrativo o quebra-cabeças envolvendo os verdadeiros motivos por trás da amnésia de Christine, o diretor e roteirista Rowan Joffe (do suspense policial O Pior dos Pecados) brinca como pode com as diversas pistas e possibilidades que vão surgindo ao longo da narrativa no intuito de confundir o espectador e mantê-lo preso na cadeira para desvendar quais os verdadeiros intuitos das figuras que rodeiam Christine. É neste ponto que o filme encontra seu maior acerto e seu maior erro: um bom número de subtramas vão surgindo conforme novos detalhes vão sendo descobertos pela protagonista, e enquanto algumas dessas subtramas funcionam no objetivo de capturar e instigar a atenção do público, outras acabam sendo mal desenvolvidas e esquecidas durante a projeção, ou para desviar a atenção do público ou por mero desinteresse do roteiro em criar algo mais consistente.

Nesse meio, Antes de Dormir entra num debate que foi brilhantemente exposto ano passado por Garota Exemplar, de David Fincher – a confiança que depositamos em nosso cônjuge. Embora não chegue perto da classe com que Fincher retratou este tema, Antes de Dormir consegue ser eficiente ao nos manter em constante dúvida sobre as verdadeiras intenções de Ben e do Dr. Nasch, duas figuras masculinas nas quais Nicole pode ou não confiar. Neste jogo de dúvidas, Kidman, Firth e Strong nos oferecem performances adequadas para que a dúvida seja mantida até o fim da sessão, quando a verdade será finalmente revelada para Christine, e consequentemente, para o espectador.

Neste sentido, o roteiro também peca por chegar rápido demais em seu clímax, que além de morno e superficial, vai contra muitas das pistas que nos foram apresentadas, prejudicando assim a coerência desse desfecho que claramente subestima a perspicácia de quem está assistindo, além de que Joffe encerra seu  filme com um incômodo e misterioso sentimentalismo que destoa de praticamente toda a obra.

Problemas à parte, Antes de Dormir não chega a ser completamente dispensável justamente por conseguir manter o interesse do público até o final, que é onde a verdadeira auto sabotagem acontece. Não é um filme com grandes atrativos, mas o clima de dubiedade e os rumos do roteiro são suficientes para garantir uma diversão à lá Supercine durante 90 minutos. Mas ao subir dos créditos, se torna completamente esquecível.

Comentários (3)

Gustavo de Souza Silva | sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015 - 13:53

A premissa deste me pareceu interessante, até pelo elenco também.

Lucas Nunes | sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015 - 15:18

O livro é genial, mas o filme é tão fraco.

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