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Críticas

Cineplayers

É o mais próximo que um filme pode chegar de mostrar duas pessoas se apaixonando de verdade.

10,0

Antes do Amanhecer tinha tudo para ser uma tragédia. É superficialmente uma história de dois jovens que se conhecem em um trem, onde o estadunidense Jesse (Ethan Hawke) conhece a bela estudante francesa Celine (Julie Delpy), se encanta por ela e a convence a descer junto com ele em Viena. Na base de muito diálogo, os dois passam uma noite inteira extremamente gostosa juntos, visitando diversos locais e, de maneira deliciosamente suave, se apaixonam. Porém, há um problema: ambos devem continuar seguindo os seus destinos no dia seguinte, tornando-se inevitável a separação.

Só que o que poderia fazer este filme ruim é justamente o seu ponto forte: os diálogos. Os personagens simplesmente vão conversando, dos mais diversos assuntos, enquanto realizam o seu mágico passeio. Entre um flerte e outro, palavras sábias, bem escritas, pronunciadas com uma naturalidade incrível pela apaixonante dupla de protagonistas. As situações convencem, os cenários são os complementos perfeitos para o clima que a história deseja narrar e, sem nem perceber, já fomos magnetizados pelas duas figurinhas principais.

Tudo fica melhor devido ao impressionante trabalho de Ethan Hawke e Julie Delpy. Os diálogos soam tão naturais que parecem até improvisados, mas a jovem dupla de atores, na verdade, é que dá um show de interpretação e dicção, ao pronunciar textos complicados, dos mais diversos temas, sempre em um tom convincente. A química entre os dois é perfeita, daqueles típicos casais que olhamos na rua e pensamos no quanto foram feitos um para o outro.

A direção de Richard Linklater deixa o trabalho com um gostinho especial, com alguns planos enormes e de complicados enquadramentos. A edição faz a única noite do casal passar voando, e quando menos percebemos, o filme já está no fim. Isso porque tudo está no tempo certo, desde as situações até a duração das cenas, passando pelo complicado balanceamento entre construção de personagens e exposição de sentimentos. A balança nunca fica desequilibrada.

Mas o que prova que estamos vendo uma obra-prima é o final. Obviamente não irei contar o que acontece, deixarei para que vocês descubram por si sós, mas aviso que o passeio pela câmera nos locais onde os personagens estiveram, agora sem eles, deixa um profundo sentimento de vazio incômodo, que denuncia o grande mérito do trabalho. Assim que os créditos finais começarem a passar pela tela e as lágrimas já tiverem irrigando o rosto de todos, já vai ser tarde demais: estaremos completamente apaixonados por Celine e Jessie.

É um romantismo extremo, acompanhado da louca paixão adolescente, que mesmo depois de tantos anos, quando bem empregada, continua a funcionar. É o mais próximo que um filme pode chegar de mostrar duas pessoas se apaixonando de verdade.

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