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Panteras: Detonando, As

(Charlie´s Angels: Full Throttle, 2003)
4,3
Média
597 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um filme onde os atores se divertiram mais nas filmagens do que o público no cinema.

4,0

Depois que terminou a projeção de As Panteras: Detonando, percebi porque o filme tem ido tão mal nas críticas mundiais e bilheterias. Antes de mais nada, quero deixar claro que é um filme divertido, principalmente pelo seu modo despreocupado no qual é conduzido e as referências a outros filmes que, com certeza, agradará muitos espectadores casuais amantes de pipoca. Só que, sinceramente, os defeitos encobriram essa diversão descompromissada, o que me deixou extremamente decepcionado com o filme, já que havia curtido tanto o original. É um erro atrás do outro, coisas tão banais que sinceramente não podem ser deixadas de lado.

É clara a intenção do diretor, desde o início do filme, em criar situações inverossímeis, impossíveis. No cinema, ouvia uma pessoa comentar direto: “Ah não, parei com esse filme, é muita mentira”. Para que você não cometa o mesmo equívoco, aviso que toda esse exagero é intencional. É como em um 007 ou Triplo X. Se fosse em um momento ou outro do filme, eu acharia que é mais um erro, mas como é constante essa característica, ficou óbvia a intenção de divertir com o impossível, de usar a magia do cinema. Ponto a favor do filme, por que isso realmente funciona, várias vezes me peguei rindo à beça de situações completamente absurdas, algumas até de exageros cavalares mesmo, os que eu mais curto!

As diversas referências à clássicos e novidades do mundo cinematográfico ficaram ótimas, como A Noviça Rebelde, Flashdance, Cantando na Chuva, Missão: Impossível 2, Matrix, Homem-Aranha, e outros. Só que, infelizmente, para um filme leve e despretensioso como esse, muitas dessas referências passarão despercebidas pelas pessoas mais casuais. Outro ponto legal, como não poderia deixar de citar, é a participação do nosso galã Rodrigo Santoro que, infelizmente, só foi exibido fisicamente. Isso mesmo, seu talento não foi exposto, entrou mudo e saiu calado. Porém, quando enumero este fato como um ponto a favor, digo por causa de sua importância dentro da trama, já que ele é um coadjuvante inimigo que, apesar de não falar nada, persegue um mocinho, é elogiado pelas três panteras, dá um show de moto, tem o nome com um bom destaque nos créditos iniciais, enfim, tem uma boa participação, principalmente por ser sua estréia logo de cara em um blockbuster de verão americano. Não é pouca coisa não...

Do jeito que venho falando, parece até que tudo é uma maravilha. Só que é muito pelo contrário. Já que estava falando de Santoro, vou começar pelo próprio elenco do filme. As três panteras principais, Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore estão muito bem, mas, convenhamos, seus papéis são bem banais, claramente explorando a beleza física das atrizes ao invés de seus talentos. Sim, porque talento elas realmente tem de sobra. É um tal de rebola aqui, posição sensual para lá, enfim, filme para adolescente que se ‘empolga’ com qualquer coisa. Digo isso porque essas passagens são totalmente desnecessárias à trama. Um pequeno parênteses aqui, impossível de passar em branco: Lucy Liu é uma das atrizes mais maravilhosas que eu já vi. Pessoalmente não acho as outras duas tão bonitas quanto, Cameron está magra demais e Barrymore o contrário, apesar de ambas compensarem esses defeitos, no meu gosto pessoal obviamente, com o charme no qual transmitem, além dos lindos olhos claros.

O defeito dos personagens não se encontra somente nas principais, e sim também em um grande número de personagens completamente inúteis e mal trabalhados. Para você ter uma idéia, dão as caras Bruce Willis (O Sexto Sentido), John Cleese (Tá Todo Mundo Louco), Matt Lee Blanc (da série Friends) e até uma das panteras originais fazendo uma pontinha, enfim, muita gente para pouco espaço. Muitos nem foram creditados ao final. Demi Moore (Ghost: Do Outro Lado da Vida) vem em um papel de ex-pantera disposta a provar algo para si mesma. Não sei por que tanto mistério do roteiro em torno de sua identidade, já que na própria divulgação do filme, trailer e sinopse vem dizendo quem ela realmente é, mas deixa para lá, são detalhes básicos. Bill Murray (Os Caça-Fantasmas) não deu as caras nessa continuação. Aliás, aparece somente em uma fotografia (no primeiro filme se desentendeu demais com Liu), sendo substituído pelo ótimo (porém totalmente clichê) Bernie Mac (Onze Homens e um Segredo), a nova ponte de safena entre Charlie e as meninas.

Sobre o enredo, não espere nada profundo não. Alguém está atrás de dois anéis que, simultaneamente, decifram o código um do outro e liberam uma lista de pessoas protegidas pela polícia por denunciarem secretamente crimes cometidos. A partir dessa pequena busca, várias situações são criadas, como um ex namorado de Drew que volta para acertar as contas com a moça, um personagem do primeiro filme reaparece aqui e revela suas reais intenções, há o pai de uma das panteras que aparece (ainda não sei para que, qual sua função dentro do filme), enfim, várias e várias situações secundárias dentro de uma principal.

Vale dizer que, como são muitas, As Panteras: Detonando acaba não se aprofundando em nenhuma questão. Porém, o que para mim é um defeito, pode ser um pró para quem curte a tão famosa e supra-citada diversão descompromissada. Não houve também a intenção. Se você gostou de filmes como + Velozes + Furiosos, O Escorpião Rei e outros do gênero, com certeza vai amar o filme. Mas se você for ligar para as lutas mal coreografadas, os péssimos efeitos especiais e a bossalidade do enredo, fique bem longe desse filme. É melhor ficar com o original mesmo.

Comentários (2)

Marcos Freitas | quinta-feira, 19 de Maio de 2016 - 14:05

Muito bom o texto Cunha, eh exatamente a mesma visão que tive sobre o filme!

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