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Críticas

Cineplayers

O filme é horroroso, mas Jane Fonda faz compensar qualquer diálogo ruim que tenhamos que suportar.

5,0

Considerado a primeira adaptação dos quadrinhos diretamente para o cinema (antes, o público só acompanhava seus heróis em tele-séries), Barbarella – o filme – chegou ao mundo em 1968, época em que a ficção científica no cinema ainda vivia de maneira forte (2001: Uma Odisséia no Espaço fora lançado naquele ano).  Barbarella, porém, tem pouco de científico, e o fato de o filme continuar vivo na mente de alguns seguidores é, quase que unicamente, devido à sua protagonista, Jane Fonda, desfilar semi-nua durante quase todo o tempo em que está na tela.

Barbarella é uma espécie de agente que viaja pelo Universo a pedido do Presidente da Terra para cumprir missões vitais ao destino de todos. O roteiro do filme é tão descuidado que, apesar de Barbarella ser a heroína do filme, é uma personagem quase que totalmente passiva, que comete erros primários típicos de “loiras burras” (que é o que ela é, na realidade, para deleite de seus fãs): derrete-se fácil aos encantos de quaisquer desconhecidos que queiram “fazer amor” com ela; quando ela consegue escapar dos perigos que se apresentam, é devido à sorte ou à burrice de seus inimigos, que conseguem ser mais estúpidos que ela. Creio que sua única habilidade seja sua sensualidade, tanto que é utilizando seus dotes sexuais que ela consegue, em determinado momento, escapar da morte.

O humor não-intencional toma conta do trabalho do diretor francês Roger Vadim. É o velho caso em que algo é tão ruim que, de certa forma, torna-se bom. Frases ou diálogos como “um anjo não faz amor, um anjo é amor”; “- Você é muito bonita, Bonita-Bonita. – Meu nome não é Bonita-Bonita, é Barbarella”; “descrucifiquem o anjo”; “eu farei a você coisas que estão além de todas as filosofias conhecidas”; e, finalmente “- Qual é seu nome? – Eu venho da Terra!”, enchem as cenas e tornam cada diálogo, digamos, especial.

O motivo que fez de um filme tão ruim e burro viver por décadas dentro de um grupo de fãs é justamente esse humor não-intencional e, principalmente, Jane Fonda. Interpretando um papel que muitos homens absolutamente adoram (principalmente na época do lançamento do filme, quando qualquer movimento feminista era motivo de preconceito maior): a loira burra e sensual. Jane Fonda era uma atriz lindíssima na época (e é questionável se alguma atriz da atualidade é mais bela que ela àquela época) e o jeito ingênuo que inseriu em sua personagem faz derreter qualquer coração masculino (“eu sou uma terráquea mediana”).

Tecnicamente, assim como artisticamente, Barbarella continua deplorável. Para filmar várias cenas com os recursos limitados da época, a equipe técnica contou com bastante inteligência. A cena inicial, por exemplo, em que Barbarella aparece flutuando sob gravidade zero, foi filmada de cima para baixo, com o cenário simulando a espaçonave da heroína. Mas mesmo com esses detalhes, os efeitos especiais podem ser considerados ruins ainda que levemos em consideração a sua época. A impressão que se tem é a de que o filme nasceu com dez anos de atraso. Pelo menos!

Mesmo tão ruim, é inegável a influência que o filme teve. Tanto que a famosa banda dos anos 1980, Duran Duran, tirou seu nome de um de seus personagens: Duran é o cientista desaparecido que Barbarella tem a missão de encontrar. Lembrando que o filme deverá ganhar uma refilmagem em 2008 ou depois. A principal questão levantada pelos fãs do original é, obviamente, qual será a atriz que substituirá Jane Fonda. Não é trabalho para qualquer uma, e as comparações serão duras e inevitáveis. Até lá, todos podemos desfrutar o filme original, não pela história esdrúxula, mas pelos dotes físicos de Jane Fonda. Recomendado apenas para os homens.

Comentários (2)

MARCO ANTONIO ZANLORENSI | segunda-feira, 29 de Setembro de 2014 - 09:59

Simmmmmmmmmmmm está tudo certo e bem colocado nessa breve critica, que aliás é o que o filme merece, ser breve mesmo, vale os primeiros 15 minutos onde Jane Fonda se debate em sua nave e vemos "Meu Deus ela era assim? Tão linda? Tão hummmm ok vamos nos comportar".

Josiel Oliveira | domingo, 25 de Outubro de 2015 - 16:30

kkkkkkkk adorei a seleção de diálogos... e nossa, tinham planejado uma refilmagem pra 2008?? Pena que não saiu

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