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Críticas

Cineplayers

Batalha Naval no Pacífico.

4,0

Imagino os responsáveis numa sala discutindo qual seria a desculpa para adaptarem o jogo Batalha Naval para um longa de grande repercussão. Várias idéias absurdas devem ter sido cogitadas, entre elas a selecionada. Não se pode culpá-los: a proposta é difícil; um desafio. A decidida, por sua vez, aparece num ato em que, sem radares, os tripulantes de um navio ouvem atentamente as coordenadas do Capitão Yugi Nagata (Tadanobu Asano), por causa de sua habilidade em localizar coisas sem radares: daí um imenso tabuleiro surge em sua frente e tem início a batalha naval, ignorando completamente algumas noções como, por exemplo, a desculpa dos alienígenas não conseguirem rastreá-los. Soma-se a isso a explicação estapafúrdia sobre como um dos personagens diagnosticou o que é nocivo aos alienígenas graças a uma experiência com um réptil. São pequenas coisas que passam batido, mas convenhamos que, no geral, Battleship - A Batalha dos Mares (Battleship, 2012) traz demasiada subestimação à inteligência do espectador.

A narrativa não procura maiores explicações sobre o ataque, ela dá a razão e entendemos. Isso parece bastar. Tudo surgiu da mera desculpa da adaptação e traduziu-se o jogo ao modelo mais convencional possível. Têm-se a garota bonita que aflora os hormônios masculinos vivida por Brooklyn Decker, e seu pai, o Almirante Shane (Liam Neeson), carrancudo e imponente, pouco acrescentando a trama, a não ser por fazer vista grossa para os pretendentes da moça. Há também o modelo perfeito de honra e hombridade, o irmão do protagonista, interpretado pelo sueco Alexander Skarsgård (o vampiro Eric de True Blood).  Outra que merece menção é a dona dos diálogos mais imemoráveis, a personagem de Rihanna, esta que estreia nas telonas com sua durona Cora Raikes. O entretenimento barato é cumprido e nada mais é feito. 
 
O cartão de visita da obra segue o que o cinema popular demanda: ação e humor. É a formula para apresentar o protagonista, o rebelde típico gênio indomável Alex Hopper (Taylor Kitsch, que interpretou recentemente o aventureiro John Carter), e que deve ganhar a afeição do público. A cena em que o conhecemos é mesmo cômica, mas o filme inteiro procura alívio no humor o tempo todo, basicamente como uma versão marítima de Transformers, dado que também trabalha com vilões extraterrestres dotando de um arsenal rico e naves colossais.

O roteiro ficou a cargo dos irmãos Erich Hoeber e Jon Hoeber, que escreveram Terror na Antártida (Whiteout, 2009) e Red - Aposentados e Perigosos (Red, 2010). A preocupação destes é direcionar as cenas a combates, sem desperdiçar tempo com qualquer enrolação dramática – perdas são sentidas em ligeiros suspiros –, utilizando de frases de efeito e gestos de heroísmo, bem como redenção e compaixão. Não são poucos os momentos em que breves palavras motivam os combates no meio do Oceano Pacífico, entre elas, o “não hoje” martela na cabeça do público crente quanto à competência de seus protagonistas em defesa do mundo pelas mãos, dessa vez, de americanos e japoneses. Pearl Harbor vêm a memória.

Com a humanidade em perigo pela enésima vez, Hollywood celebra mais um ataque e quem dirige o show caótico aqui é Peter Berg, que tem em mãos uma produção magnânima. Os efeitos especiais são irrepreensíveis, com destruições e explosões convincentes e desmedidas, o que hoje não surpreende mais devido às incontáveis estreias que utilizam desse atributo no circuito. O som é significativo na produção, é possível ouvir as ondas chocando-se aos navios durante a guerra. Juntamente a esses aspectos técnicos, o que há de melhor em Battleship é a a trilha sonora. O filme todo é embalado por bandas como Stone Temple Pilots, Creedence e AC/DC, o que potencializa algumas cenas.  

Barulhento e longo, longo demais para tratar tão pouco, Battleship é mais um expoente da ficção recente que nada diz. Presume-se sucesso de bilheteria e exaltação pela ousadia de sua adaptação. Hollywood tenta de tudo, e os alienígenas, ao que parece, continuarão sendo os nossos melhores vilões e ainda incapazes de nos enfrentar. Otimismo estadunidense? Enganar-se é um talento do ser humano. E com esse talento produções assim são lançadas para o espectador ver, não pensar e ir embora satisfeito. 

Comentários (6)

Kaio Feliphe | terça-feira, 15 de Maio de 2012 - 22:00

Por que Hollywood odeia tanto os alienígenas ??😕

jorge lucas | quarta-feira, 16 de Maio de 2012 - 11:37

tae um filme q não me interessa em absoltamente nada assisti-lo, vi os trailers e pareceu outro filme dos Transformers, ou seja, passo longe

Victor Ramos | quarta-feira, 16 de Maio de 2012 - 12:01

Os seres humanos são os bonzinhos.

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 23 de Novembro de 2013 - 14:02

Horrível!!! Medonho!!! Transformers sem grife!!! Pobre do Liam Neeson!!!

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