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Críticas

Cineplayers

Um divertido filme de ação, totalmente descerebrado, é verdade, mas bem movimentado.

6,0

À princípio, analisa-se este Bem-Vindo à Selva mais como um novo degrau na tentativa de colocar The Rock (Dwayne Douglas Johnson, lutador que apareceu como coadjuvante em O Retorno da Múmia e logo teve seu filme como protagonista com O Escorpião-Rei) no nível de Arnold Schwarzenegger, como o grande astro de ação musculoso da atualidade, tomando assim o lugar do grandalhão de O Exterminador do Futuro, que hoje, todos sabem, é governador da Califórnia. Uma cena, no início do filme, retrata bem isso: The Rock entra para encarar os bandidões, enquanto Arnold, em uma participação especial, sai de cena com um simpático "divirta-se!". É a vez da próxima geração de atores bombados entrar em cena.
 
Se The Rock dará conta do recado ainda não se sabe, mas neste caso, o mais surpreendente, no final das contas, é ver que o filme funciona. É divertido, demonstra bem as qualidades do lutador que é Dwayne, exibe seus músculos (para Arnold nenhum colocar defeito), enfim, realmente o objetivo inicial do estúdio parece ter sido cumprido: The Rock tem carisma e talento para o gênero. O filme falhou nas bilheterias norte-americanas mas está vendendo incrivelmente bem em DVD (sim, o filme foi lançado nos cinemas do Brasil enquanto os norte-americanos estavam curtindo ele nas locadoras, algo totalmente comum hoje em dia), prova que a base de fãs do ator está crescendo rapidamente. Obviamente, não espero que Bem-Vindo à Selva seja o Exterminador de The Rock, mas um dia acredito que ele chega lá.
 
A história, como esperado, é boba: The Rock é um cara que faz serviços pesados para um milionário folgado, e sua nova tarefa é buscar o filho desse cara, no Brasil, em plena floresta Amazônica (as cenas da selva, porém, foram totalmente filmadas no Havaí). Obviamente, não será algo tão simples, pois Travis, o filho, interpretado pelo boa pinta Seann William Scott, está no meio de uma descoberta arqueológica e não vai querer retornar de jeito nenhum. Enquanto isso, o dono do garimpo de El Dorado, que fundou a cidade aproveitando-se dos pobres índios, Hatcher, vilão feito com personalidade por Christopher Walken, está atrás dos dois e da fortuna que tal descoberta poderá render-lhe. Finalmente, ainda há um grupo de rebeldes que luta contra Hatcher e uma dona de bar, Mariana (Rosario Dawson), que acabam também se metendo no meio de toda essa encrenca.
 
Na prática tudo isso aí acima não é tão confuso quanto parece: o filme, de roteiro leve, combina aventura com ação, em lutas muito bem coreografadas por The Rock (e um uso não abusivo de cabos e efeitos especiais, o que garante certa credibilidade às cenas), e consegue surpreender com momentos engraçados e reviravoltas que, mesmo sendo clichês, são interessantes. Há momentos em que o filme fica cansativo, pelo menos até chegarmos em uma nova luta, onde The Rock novamente mostra a que veio. As referências ao Brasil, surpreendentemente, existem com grande destaque, inclusive exibindo nossa bandeira em close. Já o português falado pelos atores americanos é terrível, às vezes é tão ruim que os produtores foram obrigados a dublarem as vozes, o que torna algumas falas não-intencionalmente engraçadas.
 
O filme não retrata nosso país de forma absurda como muitos poderiam esperar (e que já aconteceu anteriormente). Se por um lado ele não faz quem o assiste ter vontade de visitar a floresta Amazônica, mesmo com o bonito cenário em algumas cenas (há belas paisagens, mas elas são do Havaí), por outro ele também não deturpa ou agride nossa imagem no exterior. Agora, mudando de assunto, um ponto importante que não citei com destaque até o momento é a presença constante de momentos engraçados no roteiro. Há algumas boas cenas bastante divertidas entre The Rock e Seann Scott (até porque este último aprendeu a ter um bom timing cômico com American Pie), e a química entre os dois funciona muito bem na tela. Mesmo a piada final, bobinha pra mais de metro, pode gerar risadas.
 
No geral, é um bom filme, bastante divertido, embora apenas recomendado para os homens (depois não digam que não avisei). Provavelmente vai funcionar ainda melhor em vídeo ou DVD, como já está sendo provado nos Estados Unidos. Claro, claro: há inúmeros furos no roteiro, forçadas de barra, etc. Mas acredito que há alguns filmes que podem ter essas falhas sem que isso acabe derrubando-os por completo, embora às vezes tais tipos de falhas sejam tão irritantes e em tão grande número que fica difícil deixá-las de lado. Felizmente, em minha opinião, este último caso não se adequa ao filme aqui. Quanto a The Rock, se ele ainda não pode ser colocado ao lado do "deus" da ação Arnold, pelo menos é um passo gigantesco que ele deu em relação ao horripilante O Escorpião-Rei. Veja com os amigos e se divirta!

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