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Críticas

Cineplayers

Este belo filme israelense aborda temas humanos de forma sensível e tocante.

8,0

Filme israelense, Bubble participou das seleções oficiais do Festival de Toronto de 2006 e do Festival de Tribeca, em 2007. Em Berlim, na mostra Panorama do Festival, venceu como melhor filme na opinião do público. Um filme corajoso que aborda com simplicidade temas complexos como a situação política entre Israel e Palestina e o amor entre pessoas do mesmo sexo. Uma visão encantadora sobre tabus que persistem em uma sociedade que prefere a violência ao amor. 

Noam, vendedor de discos; Yali, gerente de Café; e Lulu, vendedora em uma loja de cosméticos. São três jovens israelenses que dividem um apartamento em um bairro de Tel Aviv. Em comum, existe o fato de nenhum deles estar preocupado em odiar quem vive do outro lado da fronteira, querem na verdade viver intensamente as situações amorosas que surgem em suas vidas e defendem o fim da ocupação dos territórios palestinos. Depois de um incidente em posto da fronteira, os três jovens recebem em casa a companhia do palestino Ashraf, por quem Noam se apaixona.

Os três jovens acabam por representar os israelenses da “bolha”, apelido dado à cidade de Tel Aviv que parece distante dos conflitos constantes entre os povos da fronteira. A maneira como o diretor aborda a história dessas pessoas encanta pela simplicidade e imparcialidade de alguém que parece falar com precisão de uma realidade da qual ele faz parte. Bubble não faz julgamentos sobre quem está certo e quem está errado nos conflitos entre Israel e Palestina, esse não é o propósito do filme. Bubble faz, apenas, um fiel retrato de uma realidade triste, porém muito verdadeira. Quanto a seus personagens, são pessoas que buscam no amor o complemento para suas vidas. Noam encontra a alegria, que parecia distante dele em seu trabalho, em Ashraf, que precisa atravessar a fronteira para poder ser quem realmente é, já que, na Palestina, o homossexualismo sofre uma discriminação imensurável. Já Yali estabelece uma relação, a princípio, mais complicada com seu parceiro. Lulu, por sua vez, quer encontrar um homem que a trate com respeito, da mesma maneira que seus amigos a tratam.

Diferentemente de diversos países do mundo, em Israel o homossexualismo é aceito sem nenhum tipo de aversão pela sociedade. E o filme aborda a questão fazendo um paralelo com a guerra. Lá, o fato de ser gay não assuta ninguém e não é encarado com repúdio pelas pessoas porque o país vive de perto uma realidade verdadeiramente condenável: a guerra. É essa guerra que mata milhões de jovens israelenses, então, enquanto tantos perdem sua vida, e famílias se desfazem, qual o problema de um homem encontrar o amor – sentimento inexistente em um conflito – em alguém do mesmo sexo? O filme já responde a essa pergunta dizendo que não há nada de errado, o importante é poder viver em paz. Em Israel, as pessoas não têm razão para esconderem sua sexualidade e, por isso, o país abriga, atualmente, um grande número de homossexuais.

Toda o enrendo, pesado e realista de Bubble, é acompanhado por uma trilha sonora encantadora, com uma coletânea de músicas extraordinárias, como “The First Day of My Life”, “Always Love”, “Music in a Foreing Language” e muitas outras canções que ajudam a conferir beleza a essa história difícil. Algumas das músicas tocadas durante o longa são de Ivri Lider, um grande roqueiro de Israel e homossexual assumido.

Focado nos relacionamentos humanos, e no radicalismo político, Bubble é um filme tocante, feito para fazer o público sair péssimo do cinema – e consegue. Uma história fantástica, sem apelações, que não cai no dramalhão, triste. O diretor Eytan Fox demonstra uma sensibilidade tocante, parecida com a de Ang Lee em O Segredo de Brokeback Mountain, ao entralaçar amor e ódio da maneira que vemos em Bubble.

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