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Críticas

Cineplayers

O tango e a Argentina são inseparáveis.

3,0

Produzido pelo músico Gustavo Santaollala – compositor das trilhas de O Segredo de Brokeback Mountain e Babel -, Café dos Maestros é uma viagem nostálgica pela história do tango argentino. Para relembrar os tempos áureos desse estilo musical, o filme reúne 17 maestros consagrados a fim de contar um pouco de suas histórias e um pouco sobre o fazer e sentir tango. Ao término, todos se reúnem em uma grande apresentação no Teatro Colón.

Vergonhosamente, não assisti até hoje Buena Vista Social Club, mas fui alertado de que existem semelhanças entre ambos os documentários, como o desfecho que culmina em um grande espetáculo. Mas, enquanto Buena Vista me parece ser um documentário permeado por emoção, Café dos Maestros é frio. Será culpa da prepotência de alguns hermanos?

A ausência de emoção, característica intrínseca ao tango, é incompreensível. O estilo narrativo do documentário, sem a locução de um narrador, deixa os depoimentos vazios e talvez seja o grande culpado pela citada frieza. A impressão é a de que ninguém conta história alguma, mas que o diretor optou por homenagear os tangueiros da mesma maneira, montando um filme que deve fazer mais sentido para quem é do meio, ou para os argentinos que cresceram, nas últimas décadas, ouvindo falar desses músicos. Até porque os artistas aparecem na tela sem nenhuma identificação (isso só ocorre no final). Diversas cenas do cotidiano de Buenos Aires, que possuem significado para os compositores, são mostradas na tela, de forma aparentemente sem nexo. Há, por exemplo, um pequeno trecho de um jogo do Boca Juniors, no estádio “La Bombonera”. 

Café dos Maestros é uma forma de manter viva a memória de grandes nomes da música. Feito na hora certa: antes mesmo do término da produção, três maestros faleceram, mas suas histórias já estavam devidamente documentadas. A proposta de eternizar a imagem de quem ajudou a construir a história do tango é atingida, mas deve mesmo ser mais interessante para quem conhece um pouco mais sobre esse universo. Mesmo tendo voltado recentemente de Buenos Aires, e de ter visto de perto muito do que é mostrado, não fui tocado pela história apresentada. 

A grande mensagem é: o tango e a Argentina são inseparáveis. Existem bons maestros em outros locais, como a compositora uruguaia homenageada, mas o que move a capital portenha é o tango, e o tango só ele mesmo se for tocado na Argentina.

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