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Críticas

Cineplayers

Caçadores sob mira.

6,0
Dois amigos vão até uma pequena cidade na Escócia para uma caça esportiva. Um deles, experiente; o outro, com modestos conhecimentos. É um desejado final de semana de diversão. Na cidade, vão até um bar e são tratados de maneira hostil por alguns moradores locais. Faz lembrar de Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, 1981), mas sem o terror fantástico que aguardava do lado de fora, no tempo em que a lua cheia iluminava o céu. Ali, diversão. Drinks. Do bar, a dupla sai com conselhos e garotas. E embriagados, aguardando com expectativa pelo dia seguinte. 

Durante a caçada, sob a mira de uma arma, um alce surge no meio do caminho, pastando pacificamente. Uma oportunidade. Silêncio. Um disparo. Sangue. O animal foge sem ser ferido.  

Vaughn (Jack Lowden) e Marcus (Martin McCann) são amigos de longa data que se encontram para um final de semana juntos, longe de casa. No carro, algumas informações nos são dadas, nos aproximando da intimidade entre a dupla. Um deles será pai em breve. O roteiro abrange o tópico da paternidade para mais tarde se apropriar do tema em subtramas que legitimam o assunto. Parece ser um filme de pais: o jovem que aguarda o nascimento do bebê; o pai que justifica a violência do filho; o pai que agride em defesa da honra da filha; o pai de coração partido. 

São pequenas histórias em uma pequena cidade provinciana, cheia de gente armada e que considera a justiça com balas. 

Calibre, dirigido por Matt Palmer, é um competente suspense que aproveita da tensão contínua para desenrolar sua história simples e chocante. Não há alívios. Introduz com eficiência a dupla que se envolverá com situações extremas a fim de conservarem um segredo que pode custar suas vidas. De caçadores, tornam-se caçados por homens, pela moral, pela consciência anestesiada graças ao álcool e pelas horas arrastadas que lhe sufocam. 

É um filme cujo clima aterroriza, já que gera identificação, e ainda tem a favor a estética sombria que exprime a insegurança e sensação de constante perigo. Tipo Cova Rasa (Shallow Grave, 1994). Matt Palmer conduz bem a trajetória de seus protagonistas e vai muito bem até a metade do longa, quando este parece ceder a convenções. 

Aí despenca.

Quando Thomas Vinterberg apresentou seu filme A Caça (Jagten, 2012), se destacou pela competência em criar uma situação extrema para colocar seu personagem sob a acusação de uma cidade inteira. Entendíamos sua inocência no meio de tudo, convivendo com ofensas, acusações e ameaças. Em Calibre, compreendemos o que os personagens fizeram. A expectativa reside no que eles farão a partir disso. A tensão é ascendente, até quando as decisões dos personagens e dos realizadores comprometem os resultados ao debruçar sobre banalidades daquelas que nos obrigam a julgar a inteligência dos personagens. 

Não é mais do que uma sessão tensa, uma experiência de cinema para quem gosta de colar na poltrona e roer as unhas. 

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