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Cloverfield - Monstro

(Cloverfield, 2008)
6,3
Média
479 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Ótimo se encarado como uma experiência rápida e divertida com doses razoáveis de originalidade.

7,0

Sempre é bom ver algo criativo e original. Infelizmente, estas são qualidades raras de serem encontradas no Cinema, a cada dia mais preso a fórmulas e soluções fáceis. Ainda assim, ocasionalmente, surgem brisas de frescor que merecem admiração pela tentativa de criar algo diferente. Foi assim com A Bruxa de Blair, ainda no século passado. Com uma campanha de marketing genial, que vendia a história como se fosse verdade, o filme chamou a atenção pela maneira atípica com que foi filmado, mostrando tudo a partir do ponto de vista dos jovens que eram atormentados pela assombração da floresta.

Pulemos para 2008. O midas J. J. Abrams (criador de Lost) e seu parceiro Matt Reeves apresentam Cloverfield, produção que segue a mesma linha de A Bruxa de Blair, porém em outro contexto. Desta vez, o cenário é New York. Rob Hawkins é um jovem que está indo para o Japão e seus amigos fazem uma festa de despedida surpresa. Fica a cargo de Hud filmar o evento e as declarações dos amigos. É quando explosões sacodem a cidade. No princípio, ninguém sabe o que está acontecendo, mas logo descobre-se que a Grande Maçã está sendo atacada por uma espécie de monstro. Enquanto tentam salvar suas vidas, Hud continua registrando tudo com a filmadora.

A grande sacada de Cloverfield, assim como em A Bruxa de Blair, é mostrar única e exclusivamente o conteúdo da fita gravada pelos amigos. Como conseqüência, o espectador sabe apenas o que eles sabem e vê apenas o que eles vêem, o que cria uma identificação fundamental com os personagens. A imagem é sempre tremida, por muitas vezes fora de foco e, em diversas situações, é praticamente impossível saber o que acontece. Mas, como é algo intencional e, especialmente, justificado dentro do contexto da obra, o artifício torna-se o principal diferencial de Cloverfield.

Convenhamos: mais um filme sobre ataque de um monstro em uma grande metrópole não seria muito atraente. Roland Emmerich fez questão de praticamente enterrar o gênero com Godzilla. No entanto, a abordagem de Abrams e Reeves traz algo de novo aos filmes de monstros, ainda que a idéia não seja original. Há momentos de pura tensão provenientes deste modo de filmar, como a cena no túnel (onde não se enxerga praticamente nada) e a queda do helicóptero (semelhante em nervosismo à seqüência final de A Bruxa de Blair).

É claro que o artifício, por vezes, soa irreal. Difícil acreditar que Hud estaria sempre filmando, mesmo nos momentos em que precisava salvar a própria vida. Da mesma forma, o tom realista que o diretor busca é perdido em certos instantes, como aqueles nos quais é possível acompanhar o diálogo entre os personagens em meio a uma balbúrdia gigantesca. Obviamente, são opções fundamentais para a narrativa, mas prejudicam levemente a proposta de Cloverfield.

Ainda assim, existem muito outros acertos no filme. Seguindo a mesma – eficaz – proposta de Steven Spielberg em Tubarão, Reeves e Abrams optam por revelar o monstro pouco a pouco. A princípio, é possível perceber apenas uma mancha em movimento, em seguida pode-se delinear o formato do corpo, mas a criatura em seus detalhes é revelada apenas em uma ótima cena perto do final. Com este artifício, os cineastas criam um suspense em crescente, deixando o espectador sempre ansioso pela próxima aparição do monstro.

Isto não significa, porém, que Cloverfield não tenha muitas tomadas em efeitos especiais. Ainda que o estilo de filmar sugira um acabamento precário, as cenas de destruição de New York são abundantes e realizadas com extremo apuro. Tanto as criaturas (sim, plural) quanto os prédios sendo destruídos são extremamente convincentes, colaborando para o clima realístico proposto.

O que também ajuda neste sentido é a escolha de não trazer grandes astros no elenco. As faces desconhecidas facilitam a compreensão de que ali estão pessoas comuns, tendo que lidar com um acontecimento extraordinário, oportunizando a maior identificação da platéia com os personagens. E as atuações são corretas, adequadas a um filme de ação. Não há grande desenvolvimento dos personagens, mas as relações são críveis o suficiente para fazer o público se preocupar com o destino deles, o que apenas aumenta a tensão de Cloverfield.

Curto, Cloverfield nada mais é do que uma experiência divertida e diferente ao que se está acostumado a ver no Cinema. É irregular em alguns momentos e perde um pouco de seu potencial por trazer um recurso já visto antes, mas consegue segurar a atenção durante toda sua projeção. Merece ser visto pela tentativa de Abrams e Reeves e, ainda mais, pelos momentos de nervosismo que proporciona. Resta esperar a seqüência.

Comentários (2)

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 23 de Novembro de 2013 - 18:31

Razoável, mas o formato documentário já tá se tornando um saco!!!!

Karlos Fragoso | terça-feira, 31 de Março de 2015 - 08:41

Gostei do clima tenso e da câmera em primeira pessoa. Parece real.

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